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O que os professores querem?

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Imagine exercer uma profissão em que os materiais essenciais para a sua rotina chegam com atraso de dois ou três meses. Acrescente a isso o fato de que seu ponto de vista não é levado em consideração por seus superiores na hora de tomar decisões que afetam o seu trabalho. É diante de circunstâncias desencorajantes como essas que 49% dos professores não recomendam a própria profissão para seus alunos! Esse foi um dos dados obtidos na Pesquisa Profissão Docente, feita pelo Todos Pela Educação em parceria com o Itaú Social e realizada pelo Ibope Inteligência em parceria com a Conhecimento Social.

As principais razões dadas pelos professores para não recomendar a carreira são a desvalorização da carreira, a má remuneração e a rotina desgastante. Problemas estes que, infelizmente, não são nenhuma novidade. Por outro lado, para os que recomendam a profissão, ser professor está relacionado a aspectos positivos como oportunidade de impacto social e realização com a carreira.

Além desses destaques, a pesquisa traz muito mais sobre o que os professores pensam e gostariam que melhorasse. Vamos lá:

1) Mais especialização para os professores que já lecionam. Citada por 69% dos entrevistados, a formação continuada é visto pelos educadores como muito importante. De fato, um aperfeiçoamento profissional de má qualidade pode limitar o bom trabalho do professor. Além de atualizá-los, as formações são importantes para cobrir lacunas deixadas pela graduação/licenciatura, já que um terço deles acha que que a formação inicial não deu a preparação adequada para exercer a profissão. Uma das causas disso é que os conteúdos vistos como importantes pelos professores não são, necessariamente, os mais trabalhados durante a faculdade.

2) Escutar e envolver os professores. Logo atrás da qualificação, 67% dos professores se queixam de não serem envolvidos nas decisões de políticas educacionais. Ouvir o profissional que lida diretamente com os alunos é determinante para que as políticas conversem com os problemas reais da Educação. Um bom projeto de política pública aplicado à realidade de maneira inadequada significa dinheiro e esforço desperdiçados. A falta de um bom canal de diálogo com as secretarias (65%) e o desalinhamento entre as propostas das secretarias e as escolas (66%) são alguns dos exemplos de ruídos citados pelos educadores sobre a má comunicação.

3) Mais respeito, por favor. Os docentes (64%) também indicam a necessidade de restaurar a autoridade e o respeito pelo professor. Esse pedido reflete a situação dramática de violência intraescolar, apontada por estudos. De acordo com pesquisa do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) feita em 2015, 44% dos professores paulistas disseram já ter sofrido algum tipo de agressão. Além disso, dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que o Brasil é o País número um na violência contra docentes.

Formação para lidar com conflitos e apoio de diferentes pastas (como saúde, segurança e assistência social) são quesitos importantes para reverter quadros de violência. As escolas devem ser ambientes capazes de nutrir uma atmosfera de paz e troca, onde haja autoridade sem autoritarismo e diálogo constante.

Alunos, pais e professores fazem a escola, e as escolas, por sua vez, fazem o País. Por isso, estar atento ao clima escolar e cercar a relação aluno-professor de respeito mútuo é fundamental se quisermos transformar a qualidade educacional do Brasil.

Clique aqui para conhecer uma iniciativa de sucesso no diálogo entre pais e escola.