Famílias consideram Educação Integral como prioridade para as próximas gestões municipais, revela Datafolha
Pesquisa encomendada pela Fundação Itaú e pelo Todos Pela Educação ouviu pais e responsáveis de alunos das redes municipais para entender as percepções sobre a Educação e o aprendizado dos alunos
A expansão do número de escolas em tempo integral é apontada por 30% das famílias de estudantes do Ensino Fundamental da rede pública municipal como ação prioritária para as próximas gestões municipais. A carga horária ampliada, com no mínimo sete horas diárias, é vista como essencial para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes, promovendo habilidades como capacidade de relacionamento, expressão de emoções e motivação para o futuro.
A conclusão é da pesquisa “Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal”, realizada pelo Instituto Datafolha, entre julho e agosto deste ano, com 4.969 pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, a pedido da Fundação Itaú e do Todos Pela Educação.
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Outras prioridades elencadas para os novos gestores incluem a necessidade de aprimorar a infraestrutura escolar (20%) e as condições de trabalho dos professores (17%), bem como realizar investimentos na alfabetização dos estudantes (17%). Um aspecto relevante sobre a infraestrutura é que essa demanda é mais enfatizada por famílias das regiões Norte (23%) e Nordeste (26%), onde as escolas enfrentam desafios estruturais mais expressivos. Na região Sudeste, apenas 12% consideram esse tipo de melhoria como ação imediata.
“Os resultados da pesquisa oferecem subsídios significativos para a formulação de políticas públicas. A ampliação do acesso às escolas de tempo integral, melhorias na infraestrutura e maior suporte aos professores aparecem como caminhos prioritários para atender às demandas das famílias, estimulando transformações na realidade da educação, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica. A carga horária ampliada, se vier junto com aulas engajadoras e professores bem preparados e valorizados, não apenas potencializa a aprendizagem, mas também desenvolve habilidades emocionais e sociais fundamentais para a formação de cidadãos preparados para os desafios e as incertezas do futuro”, ressalta Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social. “É fundamental considerar também a reestruturação do currículo, pois mais tempo na escola não garante, por si só, uma melhoria na qualidade do ensino. Mais do mesmo, se não for bom, pode mais afastar que engajar os estudantes”, acrescenta.
Abandono e aprendizagem
Além disso, quando questionados sobre a percepção em relação à escola, apenas seis em cada dez responsáveis afirmam que seus filhos estão realmente aprendendo o esperado para a idade. O dado está alinhado com o índice “Compromisso Nacional – Criança Alfabetizada”, divulgado neste ano, que aponta que apenas 56% dos alunos estão adequadamente alfabetizados ao final do 2º ano do Ensino Fundamental.
A pesquisa também revela uma preocupação com a permanência escolar: metade (51%) dos responsáveis concordam que “muitos estudantes estão abandonando a escola”. Esse receio é ainda mais evidente entre as famílias com menor rendimento: 53% dos responsáveis com renda de até um salário mínimo concordam totalmente ou em parte com essa afirmação, uma diferença de 16 pontos percentuais em relação às famílias com renda superior a cinco salários mínimos (37%).
Do mesmo modo, nove em cada dez responsáveis (91%) acreditam que é imprescindível fortalecer o ensino de matemática nos currículos escolares. Mais de 80% apoiam a ampliação de atividades artísticas, esportivas e culturais, além da inclusão de temas sobre diversidade étnico-racial.
Protagonismo docente
As famílias reconhecem que os professores são o elemento mais importante para a garantia da aprendizagem de crianças e adolescentes. Fatores como maior acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e melhor formação e qualificação dos docentes receberam 86% de concordância entre os entrevistados como centrais para a melhoria da aprendizagem dos estudantes. Além disso, 70% dos pais e responsáveis relataram que os filhos se sentem acolhidos pelos professores, reforçando o papel central dos educadores na construção de um ambiente escolar positivo.
“A pesquisa reforça que os responsáveis têm opinião semelhante ao que apontam as evidências educacionais: os professores são os principais atores na garantia da aprendizagem dos estudantes. As políticas educacionais do Ministério da Educação e das redes públicas de ensino devem ter como foco garantir professores bem formados, apoiados, motivados, com salário competitivo e boas condições de trabalho em todas as escolas. Para isso, é necessário um conjunto de políticas públicas que engloba a atratividade da carreira, formação inicial, ingresso na carreira e desenvolvimento profissional”, observa Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.