Pisa 2018: Para voltar a avançar, Brasil precisa investir na profissionalização e no prestígio da carreira dos professores
Nesta terça-feira (03), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou os dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2018. O Todos Pela Educação, cumprindo seu compromisso com o monitoramento dos avanços e recusos na área, fez uma análise dos resultados. Confira abaixo:
A pontuação média do Brasil aumentou ligeiramente de 2015 a 2018, mas o País segue em um cenário de estagnação ao longo da última década…
• O Brasil teve um leve aumento na pontuação do Pisa de 2015 a 2018: 6 pontos em Leitura (de 407 para 413), 6 pontos em Matemática (de 377 para 384) e 3 pontos em Ciências (de 401 para 404).
• No entanto, é importante ressaltar que esse aumento não é significativo estatisticamente. Ou seja, não podemos afirmar que as pontuações de Leitura, Matemática e Ciências de 2018 são diferentes das de 2015.
• Ademais, após o Brasil registrar importantes avanços nas primeiras edições do PISA entre 2000 e 2009, desde 2009 os resultados brasileiros estão virtualmente estagnados. Nas últimas quatro edições da avaliação (2009, 2012, 2015 e 2018) os resultados médios dos alunos brasileiros foram iguais estatisticamente.
E o patamar em que o Brasil está estagnado é crítico e ainda bastante preocupante…
• A pontuação de 2018 coloca o Brasil em 57º em Leitura, 70º em Matemática e 65º em Ciências, dos 79 países e regiões participantes da avaliação. Seguimos bem atrás dos sistemas educacionais mais desenvolvidos e até mesmo de outros países com realidade mais próxima à do Brasil (México e Colômbia, por exemplo).
• Ainda é alto o percentual de estudantes brasileiros que estão em níveis muito baixos de aprendizado nas 3 disciplinas avaliadas (abaixo do Nível 2):
Brasil: 43,2% | Chile: 23,5% | Média OCDE: 13,4% | Portugal: 12,6% | Estados Unidos: 12,6% | Canadá: 6,4% | BSJZ (China): 1,1% |
• A diferença de pontuação entre os alunos brasileiros de maior e menor níveis socioeconômicos aumentou. Essa diferença, que era de 84 pontos em 2009, passou para 97 pontos em 2018.
No entanto, também não se pode pintar o cenário como de “terra arrasada”, como se nada de positivo tivesse acontecido na Educação brasileira…
• Conforme já indicado acima, de 2000 a 2018, o Brasil apresentou avanços nas três áreas avaliadas (o que não foi o caso para a média dos países da OCDE, por exemplo). Ou seja, os próprios resultados do Pisa indicam que houve melhoria na Educação Básica do País, ocorrida principalmente entre 2000 e 2009.
• Da mesma forma, o percentual de alunos brasileiros de mais baixo status socioeconômico que alcançou os maiores níveis de desempenho no PISA é praticamente o mesmo da média da OCDE (10% a 11%). Isso mostra que, muito embora o nível socioeconômico seja um grande preditor do desempenho no Brasil (mais até do que na médio da OCDE), em nenhum dos casos ela determina o sucesso. Boas escolas fazem a diferença!
• Mais importante, sabemos pelas avaliações nacionais que existem experiências dentro do Brasil que merecem destaque. Alguns Estados e Municípios vêm adotando importantes medidas e melhorando, em escala, a qualidade de seus sistemas educacionais. Temos um desafio imenso, que é fazer disso um esforço nacional.
E para além de posicionar a Educação brasileira ante aos outros países, o Pisa deve servir de aprendizado para as políticas públicas. E o principal deles é a importância da profissionalização da carreira do professor.
• Observando os países mais bem posicionados na avaliação do Pisa, sabemos que eles possuem diferenças culturais e tiveram diferentes trajetórias em sua Educação. Mas um elemento é comum a todos: o alto grau de profissionalização e prestígio da carreira dos professores.
Isso significa uma alta atratividade da carreira para jovens de alto desempenho no ensino médio, uma rigorosa formação para a profissão e, durante a trajetória profissional, uma estrutura de desenvolvimento contínuo e apoio aos docentes voltada para a melhora da prática pedagógica.
• Movimentos relevantes nesse sentido podem ser percebidos quando se observam alguns destaques na América Latina, como
como o Chile (melhor resultado da região) e o Peru (consistente melhoria nos seus resultados do Pisa nas últimas edições).
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