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Opinião: Profissão Professor – profissionalização e valorização da carreira docente

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Barbara Bruns, pesquisadora do Centro de Desenvolvimento Global, esteve no Brasil, em fevereiro de 2018, para falar sobre políticas docentes e o seu diagnóstico sobre o cenário brasileiro foi claro: estamos ficando para trás. Enquanto países da América Latina, até mais pobres que nós, têm avançado em mudanças que visam ao aprimoramento da carreira/ profissão e à valorização dos professores – acarretando melhora nos resultados educacionais –, nós ficamos para trás.

O que mais assusta no diagnóstico de Barbara Bruns, contudo, é que ele reforça a falta de senso de urgência com que o Brasil tem lidado com o tema: ainda não conseguimos atrair os alunos do Ensino Médio com o melhor desempenho para a docência; nossos cursos de formação inicial não preparam o futuro professor para os desafios que ele encontrará em sua carreira; não existe uma linguagem comum do que se espera dos professores brasileiros; a carreira docente não está estruturada para incentivar o desenvolvimento de competências essenciais; e os programas de formação continuada são pouco ou nada efetivos.

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Para clarificar o que se espera de políticas docentes bem estruturadas, ela trouxe experiências de nossos vizinhos, como o Chile, que há mais de 20 anos pensa a carreira de maneira coordenada, desde a atração desses profissionais até o desenho de suas carreiras. Lá existem políticas para atrair os alunos de Ensino Médio com melhor desempenho; foi estabelecida uma nota mínima no Enem chileno para ingresso; os programas de formação inicial foram redesenhados com foco na prática; a carreira dos professores foi reestruturada para garantir maiores salários e responsabilidades. No México, políticas de atratividade e de reestruturação semelhantes também avançam, assim como no Peru.

Para Bruns e para outros pesquisadores, o professor é o elemento mais importante para a melhoria da Educação de um país e, por isso, repensar as políticas docentes é urgente e deve ser prioridade. Algumas redes públicas brasileiras já avançam no sentido de garantir uma nova carreira para os professores e o suporte necessário durante o estágio probatório e a formação continuada. É possível encontrar também, no Brasil, instituições de Educação Superior que inovam na maneira de formar esses profissionais. Infelizmente, essas iniciativas são ainda sem escala e sem o suporte necessário para a melhoria contínua.

As medidas desenhadas pelo Educação Já, uma iniciativa suprapartidária que aponta estratégias para implementar mudanças estruturantes no ensino brasileiro, se pautam nas experiências internacionais e nacionais para garantir que consigamos encarar o enorme desafio que temos. Resta dar o caráter de urgência necessário ao tema.

*Caroline Tavares é líder do Movimento Profissão Docente.

Esse é um artigo publicado no Anuário Brasileiro da Educação Básica 2019, do Todos Pela Educação e Editora Moderna.