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#Movimente: Troca de saberes que muda a Educação no Brasil

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Com uma organização política desafiadora, o Brasil é um país de muitos países – onde coexistem realidades culturais e socioeconômicas muito distintas. Esse intrincado desenho, de autonomia entre entes federados, ganha um aspecto positivo quando as diferenças se tornam terreno fértil para troca e aprendizagem. Foi assim com Rondônia e Santa Catarina. Ainda que não sejam sequer vizinhos, o primeiro aprendeu com o segundo que é urgente reunir sociedade civil, empresas, órgãos públicos, educadores e famílias em busca da melhoria dos resultados educacionais. Mas como?

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Os princípios partilhados apontam para alguns valores comum às iniciativas: o estabelecimento de metas, a abertura para o diálogo e a valorização dos indicadores. Apesar dessas semelhanças e de ambos terem surgido a partir da iniciativa das federações das indústrias locais, os movimentos seguiram seus próprios caminhos, focando nas urgências de seus territórios. O Movimento Rondônia Pela Educação foi fundado em 2016 alinhado às necessidades específicas dos rondonienses. Enquanto a iniciativa catarinense, iniciada pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC),  foca na Educação dos trabalhadores; em Rondônia, o objetivo é a erradicação do analfabetismo.

Boas práticas replicadas

“Nos inspiramos em Santa Catarina, mas achei que a tínhamos outros objetivos. Santa Catarina é um estado bem mais desenvolvido economicamente no Brasil. Temos características muito próprias, assim como necessidades”, relembra Raquel Volpato, coordenadora-geral do movimento.

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Com mais de 100 adesões em três anos, o Rondônia Pela Educação mostra que se inspirar em boas práticas de outras regiões do Brasil dá certo e que agregar pessoas em torno da Educação dá mais certo ainda. Aliás, foi convicta disso que a educadora Raquel Volpato colocou de lado sua aposentadoria após mais de 50 anos de trabalho com a Educação Pública que aceitou trabalhar junto ao presidente da Federação da Indústria do Estado de Rondônia (Fiero) Marcelo Thomé.

“Temos todo tipo de organização conosco: tribunal de contas, defensoria, Undime local, Conselho Estadual de Educação, duas universidades federais, secretarias municipais de ensino, empresas e muitos outros. Tudo isso nos deu muitos educadores com quem trabalhar”, afirma.

Além disso, Raquel ressalta a relevância de haver órgãos decisores articulados com o movimento. “A adesão foi para valer e não apenas a assinatura de um documento. Temos entre nós órgãos fiscalizadores, o que é de grande valia. Afinal, nós não temos canetas; nós formamos opiniões, mas quem tem a caneta está de acordo conosco”.

Ganhos e desafios

Entre as muitas lições que o Rondônia pela Educação aprendeu com o SC Pela Educação está o foco nos indicadores. “Eu montei um rol de metas e objetivos para um movimento em Rondônia, com um histórico de indicadores que mostrassem a importância da causa aqui e a necessidade de trabalharmos todos juntos”, explicou. Para Raquel, ter enriquecido a conscientização dos rondonienses quanto às evidências é uma das grandes conquistas do movimento. “Com metas, dados e diagnósticos da situação do Estado, nós conseguimos o convencimento das pessoas. Quando há problemas educacionais divulgados, as pessoas nos ligam e querem discutir. Ou seja, elas levam a sério nosso trabalho, pedem o apoio do movimento, pois percebem que o movimento tem como objetivo aglutinar”.

Mas a articulação de atores nem sempre resulta em aspectos positivos. Dois grandes desafios são constantes  para o Rondônia Pela Educação, o primeiro deles é a descontinuidade política. “Há por trás de nosso trabalho um esforço de traçar metas, pactuar objetivos. A cada vez que se troca a gestão educacional ou política, sempre temos de começar e conquistar de novo. Isso faz mal não apenas para nós, mas para toda a Educação do Brasil. Por exemplo, já tivemos governos em que durante oito anos tivemos oito secretários de Educação. Isso compromete as políticas educacionais, pois um novo secretário troca os chefes e cria uma ruptura”, critica.

Em segundo lugar está a dificuldade de se aproximar dos professores. “É um desafio conquistar os professores. No entanto, temos muito a apoiá-los. Em uma iniciativa nossa, o Todos pelo Enem, passamos pelas escolas estaduais fazendo palestras e conscientizando os alunos a fazer o exame. Na medida em que eles sentem que não estamos apenas levantando dados para avaliá-los, mas que estamos unindo forças para colaborar com eles e com a melhoria do ensino, eles passam a ter respeito”, pondera.

Radiografia do Movimento

Foco

Erradicação do analfabetismo, Educação profissional articulada ao Ensino Médio, combate à evasão escolar no Ensino Médio, reforço escolar para as crianças em fase de alfabetização

Como fazer funcionar

A governança do Movimento Rondônia pela Educação estrutura-se em um Conselho de Governança e em um Comitê Técnico. O Conselho de Governança se reúne a cada trimestre para debater pautas importantes para a Educação regional. O Comitê técnico se reúne a cada 15 dias.

Quem faz parte

Mais de 100 parceiros, como Tribunal de Contas de Rondônia, Ministério Público, Fiero, universidades federais, entre outros.

Fonte de renda

  • Federação da Indústria do Estado de Rondônia – FIERO

Desafios

– Conquistar os docentes
– Descontinuidade política

Conquistas

– Adesão de órgãos de diferentes setores

– Espaço para a temática de Educação na imprensa local

– Conscientização sobre a importância dos indicadores

– Parceria com as escolas de Ensino Médio

Quer conhecer ainda mais com o Movimento Rondônia Pela Educação? Confira aqui e movimente você também! O Brasil precisa de você.