Menos Educação, mais desigualdade: o Brasil no Education at a Glance
Lançado ontem (11), o relatório Education at a Glance 2018, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estampou um retrato recorrente que nenhum brasileiro gosta de ver quando liga a televisão ou lê notícias na internet: mais da metade da nossa população adulta entre 25 e 64 anos não concluiu a Educação Básica em 2015, o dobro da taxa média das nações que fazem parte da OCDE; acima de países como Argentina (39%) e Chile (35%). Além disso, o Brasil também aparece em segundo lugar na lista dos países com maior desigualdade de renda entre os 49 participantes do relatório.
Os dados são um recorte de uma narrativa que há muito se desenrola no País em efeito dominó: a falta de prioridade para a Educação tem como efeito baixas taxas de escolaridade e, consequentemente, geram mais desigualdade de renda. Apesar do esforço recente do Brasil na expansão de acesso à escola, especialmente a partir dos anos 1990, as gerações atuais ainda estão pagando o alto preço da negligência histórica com a área, uma vez que a chance de estar empregado é menor para quem tem menos tempo de estudo.
Professores e investimento
A sequência dessa história não promete ser mais animadora do que o que foi visto até aqui, já que não temos feito o suficiente para qualificar a Educação das crianças e jovens que estão hoje nas escolas. Isso fica ainda mais visível quando observamos os dados da OCDE sobre professores e investimento em Educação, pilares fundamentais para mudar a situação educacional Brasileira.
No que diz respeito ao investimento, de acordo como Education at a Glance 2018, embora o Brasil venha aumentado a parcela do Produto Interno Público (PIB) destinada à Educação (5,5% em 2015, último valor atualizado), o valor investido anualmente por estudante da Educação Básica Pública está muito distante da média da OCDE: USD 3.800 (em dólares) contra USD 10.000, respectivamente.
Embora sempre tenhamos que considerar que o PIB per capita brasileiro é consideravelmente inferior ao da OCDE, os valores dos países mais desenvolvidos podem servir de referência para a direção para qual o Brasil precisa caminhar. Os docentes brasileiros iniciam sua carreira ganhando menos da metade (USD 14.000) do valor médio que os países da OCDE (USD 30.000) pagam anualmente aos seus profissionais. Ao longo da trajetória profissional, o quadro não muda muito: enquanto a média salarial dos professores do Brasil é de USD 22.000, a média da OCDE é de USD 40.000.
Distorção idade-série
O relatório da OCDE ainda traz mais dados que ajudam a formar o quadro da Educação brasileira perante a outros sistemas educacionais. Segundo a publicação, cerca de 14% dos alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental no Brasil não têm idade adequada para a série que cursam, em comparação com apenas 2%, em média, nos países da OCDE. O índice aumenta ligeiramente para 15% no Anos Finais do Ensino Fundamental, mais uma vez acima da média dos países da organização, de 4%. Um atraso escolar resultado de altas taxas de evasão e abandono que, por sua vez, se devem a nossos ainda elevados índices de reprovação e de aprendizagem insuficiente.