Trabalho e estudo em tempo integral: dados inéditos de pesquisa e análise sobre o Pé-de-Meia
Dados integram pesquisa Datafolha realizada com jovens ingressantes na etapa; nota destaca pontos positivos e pontos de atenção do programa do governo federal
Sete em cada dez jovens entre 14 e 16 anos, que iniciaram o primeiro ano do Ensino Médio em 2024, afirmam que pretendem estudar e trabalhar durante a etapa de ensino. Os dados fazem parte da pesquisa Datafolha, encomendada pelo Todos Pela Educação, e realizada de forma presencial entre janeiro e fevereiro deste ano.
Quando são considerados apenas estudantes de escolas públicas, a intenção de trabalhar e estudar vai a 74%. Já para os estudantes de escolas particulares, o índice cai para 55%.
VEJA NA ÍNTEGRA OS NOVOS DADOS DA PESQUISA, SOBRE TRABALHO E TEMPO INTEGRAL
De acordo com o levantamento, em média, os entrevistados revelam ter expectativa de receber um salário mensal de R$ 860. Entre aqueles com renda familiar mensal de até dois salários mínimos, a expectativa de renda mensal é de R$760. O resultado também varia conforme gênero. Enquanto homens esperam receber, em média, R$ 908, a expectativa média de mulheres é de R$ 806.
O Datafolha investigou ainda os obstáculos para que os jovens estudem em tempo integral (ao menos sete horas por dia). Os resultados mostram que 33% dos estudantes que não estudam em tempo integral indicaram como principal motivo para isso questões relacionadas ao trabalho: 20% para ter independência financeira e 13% para ajudar a família financeiramente. Segundo dados do Censo Escolar 2023, 20,4% dos estudantes do Ensino Médio estavam em escolas de tempo integral no Brasil.
“Esses são dados importantes para pensarmos políticas de bolsa e poupança para estudantes do ensino médio, como o recém-lançado “Pé-de-Meia”, do governo federal. O programa é, sem dúvida, um bom incentivo contra o abandono e a evasão. Mas bolsas maiores atreladas ao tempo integral na escola são muito importantes para viabilizar que jovens mais pobres possam cursar essa jornada expandida”, avalia Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação.
O instituto ouviu, presencialmente, 462 pessoas de 14 e 16 anos, de escolas públicas e privadas, em todas as regiões do país. As entrevistas foram realizadas entre 29 de janeiro e 6 de fevereiro de 2024. A margem de erro é de cinco pontos percentuais (para mais ou para menos), com nível de confiança de 95%.
ACESSE A PRIMEIRA PARTE DA PESQUISA DATAFOLHA, FOCADA NO NOVO ENSINO MÉDIO
Análise técnica do programa Pé-de-Meia
Além da divulgação da pesquisa Datafolha, o Todos Pela Educação também divulga nesta quinta-feira (4) uma Análise Técnica do programa Pé-de-Meia, do governo federal. O material avalia a importância da política, destacando pontos positivos e pontos de atenção.
O Todos avalia como pontos positivos: a combinação de pagamentos recorrentes e de poupança; o repasse de recursos feito diretamente para estudantes; as condicionalidades bem planejadas do programa; e o apoio financeiro aos jovens para o início da vida adulta.
A análise destaca ainda os seguintes pontos de atenção sobre o programa: objetivos muito amplos e falta de metas claras; desconsideração de repasses adicionais para estudantes em escolas em Tempo Integral; desafios para mensurar a frequência escolar dos estudantes; e falta de incentivo para o Enem, para que estudantes tenham maior dedicação no exame.
“O programa “Pé-de-Meia” pode ser de grande relevância para mitigar alguns dos principais desafios do Ensino Médio, que apresenta indicadores críticos de abandono e evasão. Para alcançar seus objetivos, no entanto, outras políticas precisam andar em conjunto, como as definições e a implementação de ajustes no Novo Ensino Médio, a expansão da formação técnica e profissional e o aumento das escolas em tempo integral no país”, conclui Corrêa. Para entender todos os pontos analisados, acesse o conteúdo na íntegra aqui.
O que é o Pé-de-Meia?
O Programa Pé-de-Meia é uma política de incentivo financeiro-educacional para estudantes do Ensino Médio, criada pelo Governo Federal por meio da Lei nº 14.818, de 16 de janeiro de 2024 e regulamentada pelo Decreto nº 11.901, de 26 de janeiro de 2024. O programa originou-se do Projeto de Lei nº54/2021, de autoria da Deputada Tabata Amaral (PSB/SP) com outros 17 deputados de diversos partidos, e que teve a relatoria do do Deputado Pedro Uczai (PT/SC).
O público-alvo da iniciativa é composto por estudantes matriculados no Ensino Médio das redes públicas, em todas as modalidades, com idade entre 14 e 24 anos, e estudantes de 19 a 24 anos, matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) (ambos devem pertencer a famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais – CadÚnico).