Tempo de leitura: 2 minutos

Com Educação, quem mais precisa pode ir mais longe

|

Dar mais para quem tem maiores desafios e se encontra em piores situações é muito importante. É isso que mostra o último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado na terça (23), com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). O documento indica que quanto mais oportunidades educacionais são dadas a alunos vulneráveis, mais longe eles irão na trajetória escolar e, consequentemente, na vida.

A conclusão do relatório é baseada na análise comparativa dos dados de diferentes edições do exame. O Pisa é um teste internacional que avalia o nível de aprendizagem em ciência, português e matemática de estudantes de 15 anos de 36 países membros da organização e 36 parceiros não-membros – categoria na qual o Brasil se encaixa. O exame é aplicado de três em três anos.

Brasil

Uma Educação equitativa permite que os estudantes possam ter as mesmas oportunidades de aprendizagem, apesar das diferenças socioeconômicas entre eles. De acordo com o levantamento da OCDE, no Brasil, a diferença de performance em leitura, matemática e ciência explicada por fatores socioeconômicos diminuiu nos último anos – o que é uma boa notícia. Em leitura, essa diferença caiu de 14,5% para 9,1% entre 2000 e 2015; em matemática, de 16,8%, para 14,2% entre 2003 e 2015, e em ciências, de 16,9% para 12,5% entre 2006 e 2015. Isso significa que, em geral, estudantes mais desfavorecidos têm tido desempenhos mais próximos aos dos estudantes não vulneráveis, um indicador de aumento de equidade no nosso sistema educacional. No entanto, é preciso destacar que o País como um todo continua com uma performance de aprendizagem muito ruim em comparação às demais nações participantes do Pisa.

Apenas 2,1% dos estudantes brasileiros vulneráveis têm aprendizagem em leitura, matemática e ciência correspondente ao nível 3 (de um total de 6) do Pisa e podem ser considerados alunos e alunas que, a despeito de qualquer dificuldade, sabem o mínimo adequado para participar integralmente da sociedade. A média da OCDE para esse indicador é 12 vezes maior que a taxa brasileira: 25,2%.

Diferentemente das nações desenvolvidas que integram a OCDE, os países da América Latina apresentam, no geral, baixos níveis nessa categoria. Entre os países latinos, o Brasil está entre as piores posições, ficando à frente apenas do Peru (0,6%).

Resiliência

O levantamento da OCDE também apontou que quanto melhor o bem-estar social e psicológico das crianças, melhores são os resultados nas avaliações – o que seria um caminho para a aumentar a equidade educacional. Os estudantes social e emocionalmente resilientes – aqueles que se sentem felizes, pertencentes às escolas, pouco ansiosos diante dos exames e testes e que não desistem ao enfrentar dificuldades – também são os mais resilientes nos estudos e têm maior probabilidade de ingressar na Educação Superior e trabalhar em empregos mais qualificados. Ou seja, quanto mais se acredita e se aposta nas crianças e jovens vulneráveis, maior é o desenvolvimento do País como um todo.

+++COMO A EDUCAÇÃO INFLUENCIA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL?

As conclusões do relatório apontam ainda para a necessidade de se criar ambientes escolares e formar educadores que tenham atenção às competências socioemocionais dos alunos a fim de estimular o aumento da resiliência dos estudantes, principalmente daqueles que enfrentam maiores desafios para aprender. Segundo o estudo, os mais vulneráveis estão muito mais expostos a adversidades socioeconômicas que impedem a aprendizagem, como mães e pais com menores níveis educacionais e menores salários, e também maiores probabilidades de residir em áreas rurais. Além disso, eles também estão mais propensos a não se sentirem parte da escola e à insegurança diante de avaliações educacionais.