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“Precisamos de um ministro da Educação com capacidade de diálogo para garantir que o ensino possa caminhar após a pandemia”, diz governador do RS

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O período de suspensão das aulas presenciais chega hoje (23) ao 100º dia no Brasil e as atividades de ensino remoto têm sido fundamentais para amenizar a quebra de vínculo entre alunos e escolas nesse intervalo. Apesar disso, uma resposta à altura dos desafios que vêm se aprofundando neste período de crise da Covid-19 só será possível na volta às aulas. Mas soluções alinhadas à diversidade da realidade educacional brasileira exige diagnóstico e planejamento. “Se não houve tempo para responder a situação emergencial, para o planejamento da volta às aulas não há desculpa”, destacou Olavo Nogueira Filho, diretor de políticas educacionais do Todos Pela Educação durante o segundo debate da série do encontro online “A Educação Básica no novo cenário: adaptação e transformação”, que ocorreu entre os dias 22 e 26 de junho.

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Com o tema “Volta às aulas presenciais: desafios do presente”, o Todos reuniu quatro gestores públicos para debater sobre os maiores desafios que vêm sendo enfrentados pelas localidades durante a suspensão das aulas e sobre o planejamento para o futuro retorno às aulas presenciais. (Veja abaixo destaques do debate) Na ocasião, também foi anunciado o lançamento da 9ª edição do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, que, com um panorama de dados e informações sobre o ensino no Brasil, é ferramenta crucial para todos que estão empenhados no combate aos impactos do novo coronavírus na Educação.

ASSISTA AO DEBATE COMPLETO

Veja abaixo os destaques das falas dos participantes:

  • Olavo Nogueira Filho – diretor de políticas educacionais do Todos

“Durante esse período de suspensão das aulas presenciais, o Todos está contribuindo com o debate na Educação Básica produzindo conhecimentos ancorados em pesquisas, evidências e experiências de outros países que já passaram por situações similares de longos períodos de suspensão de aulas presenciais.”

“Se não houve tempo para responder à situação emergencial, para o planejamento da volta às aulas não há desculpa.”

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  • Priscila Cruz – presidente-executiva do Todos

“O que precisamos neste momento é enfrentar a crise e seus impactos na Educação com base na realidade e isso só é possível com monitoramento, usando a ciência e o melhor conhecimento possível de gestão pública e de trocas de boas experiências.”

“Não voltaremos à Educação no ponto em que estávamos em março. Afinal, ninguém estava feliz com a qualidade que tínhamos até aquele momento. Mas podemos fazer um trabalho em conjunto, com articulação entre os estados e localidades, com direcionamento nacional e diretrizes claras, para voltarmos a um ensino presencial melhor.”

 

  • Eduardo Leite – Governador do Rio Grande do Sul

“Precisamos de um choque urgente e rápido na Educação. Para isso, é necessário um ministro da Educação com capacidade de diálogo para envolver todos os atores educacionais, a fim de garantir que a Educação possa caminhar após a pandemia.”

“O ensino remoto é um apoio e não substitui o vínculo presencial. Porém, estamos em um momento em que não é possível ficar sem fazer nada.”

“Outra urgência é a capacitação para o uso de tecnologia e novos métodos de ensino, o que não substitui a Educação presencial. Trata-se, portanto, de melhoria do processo de ensino, dando suporte aos processos de formação dos professores. Inclusive, a formação e a capacitação dos professores têm de ter foco para que atinjam resultados esperados e deve haver a mensuração disso.”

 

  • Julia Santa’anna – Secretária Estadual de Educação de Minas Gerais

“Em um país desigual como o Brasil, com tantos desafios relacionados à equidade, foi fundamental o trabalho de nossa Secretaria, por meio de nossas superintendências regionais, de enviar materiais impressos de atividades remotas para os alunos mineiros. Assim, no momento do retorno às aulas, teremos a certeza de que a maioria deles receberam os conteúdos.”

“Sou mãe e tenho filhos na rede pública de ensino e vejo, nos grupos de aplicativos de mensagem, a preocupação dos pais neste momento. Há realmente uma visão de que na rede pública de ensino haverá menos cuidados sanitários. Porém, devido ao tamanho dessas redes, há e haverá um cuidado até maior com os protocolos de saúde.”

“Em um momento difícil como o atual, é importante a ação intersetorial, com a Educação, a saúde, fazenda e assistência social integrados.”

  • Frederico Amâncio – Secretário Estadual de Educação de Pernambuco

“É importante não interromper o processo de ensino-aprendizagem neste período emergencial, valorizando a manutenção dos vínculos do estudante com a escola para evitar o abandono e a evasão escolar.”

“Os nossos esforços na retomada das aulas presenciais estão conectados com a aprendizagem: planejamos fazer uma avaliação diagnóstica para auferir a aprendizagem do ensino remoto e depois investir em reforço escolar para garantir a todos o mesmo aprendizado.”

“As escolas têm de desenvolver seus planos para a reposição de conteúdos, que vai ser importante em todos os contextos, e para o reforço escolar. Outra palavra-chave do processo é acolhimento, não apenas do lado emocional e afetivo, mas como sinônimo de envolvimento de todos os atores nessa nova etapa.”

  • Bruno Barral – Secretário Municipal de Educação de Salvador

“As atividades de ensino remoto são importantes para evitar o distanciamento pedagógico durante esse período. Não podemos aceitar a crítica pela crítica a essa estratégia. É claro que há poços de desigualdades, mas precisamos nos esforçar para alcançar nossos meninos nesse momento da maneira que der.”

“Quem vai determinar o timing do retorno às aulas é a saúde. Estamos sofrendo alguma pressão, especialmente de escolar particulares, para que a Educação Infantil volte mais cedo. É necessário maturidade e disciplina dos alunos para que o retorno da Educação siga os protocolos sanitários e é difícil incutir isso em crianças pequenas, cujas brincadeiras são fundamentais. Por isso, é necessário garantir uma volta às aulas em fases, privilegiando quem está em período de alfabetização.”

“A saída do ministro da Educação me deu muita esperança de que as coisas podem mudar e melhorar, porque ele não vai deixar saudades em nenhum momento. Ver pessoas cuidando da Educação em todos os estados e municípios do Brasil me deixa muito esperançoso de que as coisas vão evoluir. Vamos plantar um legado que ficará marcado para a história.”


 

CONFIRA OS DEMAIS DEBATES DO ENCONTRO

5° dia – O papel da educação na reconstrução do Brasil

4º dia – Tecnologia, valorização dos professores e financiamento mais justo

3º dia – A importância de um novo Fundeb no contexto da pandemia

1º dia – O impacto da Covid-19 no Brasil e no mundo