Tempo de leitura: 4 minutos

Análise do orçamento da Educação na PLOA 2022

PLOA 2022 segue sem ter ações específicas voltadas à recuperação da Educação Básica no cenário pós-pandemia
Foto de mesa com papéis de gráficos, caneta e calculadora

Na última terça-feira, 31 de agosto, foi encaminhado pelo Executivo Federal a Proposta de Lei Orçamentária Anual para 2022, a ser discutida e votada pelo Congresso Nacional. Segundo o projeto, o montante destinado à Educação para o próximo ano seria de R$ 156,6 bilhões, um aumento de 8% em relação a 2021. Desse valor, R$ 134,6 bilhões estão destinados ao MEC e unidades orçamentárias vinculadas (ex: Institutos, Universidades, INEP, CAPES), R$ 14,9 bilhões fazem parte das transferências do Salário Educação e R$ 6,9 bilhões para o FIES.

A título de comparação, o orçamento para a Educação previsto para este ano foi de R$ 144,5 bilhões, sendo que 34% estão condicionados à aprovação de créditos por descumprimento da regra de ouro. Foi encaminhado, em 17 de junho deste ano, o PLN 9/2021, que dispõe sobre a autorização desse reforço, ainda não votado pelo Congresso Nacional. 

Ressalve-se que os remanejamentos orçamentários realizados até a presente data elevaram a dotação do MEC para R$ 145,7 bilhões, restando R$ 7,8 bi condicionados à regra de ouro (5,4%).

Gráfico 1 – Composição do PLOA 2021, conforme condicionalidade à regra de ouro, por subfunção (em R$ milhões)

gráfico de barras mostra relação PLOA e regra de ouro.Fonte: SIAFI (Tesouro Nacional)

Já o Projeto de Lei Orçamentária para 2022 não condiciona as dotações da Educação à regra de ouro. Em relação à Educação Básica, especificamente, do total da PLOA 2022,  37% estão destinados à etapa – R$ 57,1 bilhões. Em relação a 2021, o valor reservado a essa etapa teve um aumento de 28%. É importante atentarmos para os efeitos da inflação sobre esse aumento absoluto dos recursos destinados à Educação. Ou seja, após corrigidos esses montantes pela inflação é salutar observar se o aumento absoluto proposto continuará efetivo em termos reais, principalmente no que tange aos aumentos percebidos nas ações orçamentárias. 

Gráfico 2 – Comparação entre o Orçamento da Educação, por subfunção, PLOA 2021 e 2022 (Em R$ milhões)

gráfico de barras mostra relação PLOA 2021 e PLOA 2022Fonte: SIAFI (Tesouro Nacional)

Ainda no escopo da Educação Básica, R$ 52,1 bilhões estão reservados para as despesas obrigatórias, um aumento de 33% em relação a 2021. A majoração se deve em grande parte à elevação da complementação da União ao Fundeb. A contribuição do Governo Federal a esse Fundo corresponderá a R$ 30 bilhões, sendo 33% destinado ao VAAT; e 67%, ao VAAF. O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) também teve aumento, previsto em 5, totalizando R$ 2 bilhões.

As despesas discricionárias, por sua vez, correspondem a R$ 5 bilhões, uma queda de 4% em relação a 2021, com destaque para a redução das despesas relacionadas a exames e avaliações. Essa queda pode ser explicada pela não-aplicação do SAEB no próximo ano, tendo parte das dotações sido realocadas para a aplicação do Enem, que passou a ter reserva de R$ 538 milhões para 2022, em comparação com os R$ 217 milhões que recebeu em 2021. Entre as despesas discricionárias que receberam mais recursos, houve aumento do apoio à infraestrutura da Educação Básica em 22% (R$ 119 bilhões).

A ação de apoio ao desenvolvimento da Educação Básica (0509) passou de R$ 733 milhões para R$ 655 milhões, uma redução de 9%. A seguir, o desdobramento dessa ação por plano orçamentário:

Gráfico 3 – Orçamento da ação “Desenvolvimento da Educação Básica”, por plano orçamentário, PLOA 2021 e 2022 (em R$ milhões)

Gráfico de barras na horizontal mostra comparações de despesas 2021 e 2022Fonte: SIAFI (Tesouro Nacional)

A ação “apoio à capacitação de professores e profissionais da Educação Básica” (20RJ) teve aumento de 16% se comparado a 2021: de R$ 118 milhões para R$ 137 milhões. Destaque para o acréscimo às áreas de formação em Educação Básica presencial e ao plano estratégico de formação inicial e continuada. Por sua vez, houve decréscimo na formação para modalidades especializadas e no montante reservado à Universidade Aberta do Brasil (cursos para educadores, à distância), conforme se verifica no gráfico: 

Gráfico 4 – Orçamento da ação “apoio à capacitação de professores e profissionais da Educação Básica”, por plano orçamentário – PLOA 2021 e 2022 (em R$ milhões)

Gráfico de barras na horizontal compara despesas 2021 e 2022Fonte: SIAFI (Tesouro Nacional)

A ação “apoio à infraestrutura da Educação Básica” (20RP) obteve acréscimo previsto de 22% para 2022. Considerando que o plano orçamentário “despesas diversas” abrangerá, no próximo ano, também as estruturas esportivas escolares, obras e equipamentos e mobiliário, houve um aumento de 28%. Verificamos uma discreta diminuição em “apoio à infraestrutura física para escolas comuns inclusivas”, no valor de R$ 1 milhão. A representação gráfica segue:

 Orçamento da ação “apoio à infraestrutura da Educação Básica”, por plano orçamentário – PLOA 2021 e 2022 (em R$ milhões)

gráfico de barras na horizontal compara despesas 2021 e 2022Fonte: SIAFI (Tesouro Nacional)

Conclusão

Em linhas gerais, o aumento de 8% para a Educação e, mais especificamente, de 28% para Educação Básica em relação ao Projeto de Lei Orçamentário de 2021 foi devido ao aumento das despesas obrigatórias, principalmente ao Fundeb. 

É importante destacar que, apesar da redução de 4% nas despesas discricionárias para Educação Básica, houve um tímido aumento em algumas ações como infraestrutura e formação de profissionais da Educação.  

Entretanto, a PLOA 2022 segue sem ter ações específicas voltadas à recuperação da Educação Básica no cenário pós-pandemia, o que nos mantém repulsivos quanto a visível falta de participação do Ministério da Educação nas ações de planejamento sobre acolhimento e recuperação da aprendizagem dos estudantes na retomada das aulas presenciais. 

É necessário que o Congresso Nacional, portanto, discuta o orçamento destinado à Educação para 2022 observando as expressivas necessidades que se apresentam já em 2021 e que certamente permanecerão e se elevarão no próximo ano. Também será preciso acompanhar se a execução orçamentária do MEC permanecerá no mesmo patamar dos quatro primeiros meses deste ano, quando apresentou baixo desempenho na execução de suas despesas.

Veja também

Quer receber uma newsletter mensal que traz os destaques do Todos Pela Educação? Preencha os dados e receba a “Todos em Dia".

    Quero receber e-mails informativos

    1

    Li e concordo com a política de privacidade e proteção de dados do Todos Pela Educação

    1