Segurança: se você quer isso, também quer Educação
O que faz Daniela Silva, de 32 anos, considerar a segurança o tema de maior urgência nesse momento do Brasil é um dado que ela mesma destaca: em 2016, o País superou a marca de 60 mil homicídios por ano, o que significa que se morre 30 vezes mais aqui por homicídio do que na Europa inteira. “É surreal o quanto a gente normalizou a possibilidade de morrer dessa forma”, afirma ela, sem deixar de destacar o recorte da população mais atingida por esses números: negra e pobre.
Daniela sonha com um Brasil com mais segurança.
Para além de encarar o problema de frente, ela aponta para a necessidade de notarmos, nesse contexto, a presença de um mecanismo perigoso para a democracia. “O fato de uma boa parcela da população viver com medo acaba sendo usado por grupos políticos que propõem soluções violentas para a situação, que na verdade tem uma complexidade social muito maior”, diz. “A única forma de resolvermos isso é olhando para as nuances raciais e sociais, entendendo quem são as verdadeiras vítimas desses homicídios e de que maneira eles acontecem. Uma conversa que precisa seguir mesmo depois do período eleitoral”, destaca.
Daniela, que nasceu em São Paulo mas vive no Rio de Janeiro, é oficial de programas na instituição Open Society Foundations, uma fundação que apoia organizações da sociedade civil que trabalham basicamente em duas áreas na América Latina: democracia e segurança. “Apesar de a minha área de trabalho ser a democracia, aprendi com meus colegas o quanto esses dois temas se relacionam e, por isso, entendo hoje que a segurança é o mais urgente a ser tratado no Brasil”, explica.
A escolha de seus candidatos, portanto, especialmente para os cargos do poder legislativo, passa pela maneira com que eles lidam com essa pauta. Para ela, a maneira como se trata a segurança no Brasil hoje segue os mesmos moldes da pauta da anticorrupção: uma abordagem calcada em punições. ”Ter um olhar que busque compreender o sistema como um todo para então encontrar soluções mais efetivas e de longo alcance é parte de um processo de desenvolvimento democrático em ambos os temas”, conclui.
A evasão escolar e a exposição à violência são a face mais clara da relação entre segurança pública e Educação – e Daniela sabe disso. Estudos indicam que jovens que têm acesso à Educação de qualidade e permanecem na escola têm muito menos chances de se envolver com a criminalidade. O retrato da própria população carcerária brasileira traz dados que endossam essa informação: 75% dela não acessou o Ensino Médio e os presos entre 18 e 29 anos somam 55%.
+++A VIOLÊNCIA DE NÃO SE INVESTIR MAIS E MELHOR EM EDUCAÇÃO
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