Nayara Xavier de Souza é filha e sobrinha de professoras. “Eu sempre via minha mãe e minhas tias trabalhando, ouvia as histórias, esperava minha mãe terminar de dar aula para irmos embora”, lembra ela, que hoje leciona português na Escola Estadual Elísio Teixeira Leite III, na zona Norte da capital paulista. Foi criada “debaixo da mesa” escolar, portanto, como se diz entre os profissionais da área.
O interesse pela carreira na Educação foi despertado ainda na infância e confirmado quando Nayara começou a estudar Letras na universidade, em 2013. Ela começou a lecionar já em 2014 e hoje, aos 23 anos, é professora da rede estadual de São Paulo. Tem 14 turmas, entre 6º e 9º anos do Ensino Fundamental, cada uma com cerca de 40 alunos. E apesar de não acreditar que tenha existido alguma lacuna em sua formação universitária, entende que o conhecimento necessário para atuar em sala de aula é algo que deve estar em construção constante e não depende somente da graduação.
“Nem se houvesse um laboratório, um espaço de treino na universidade, a graduação não daria conta de preparar profissionais completos. Ser professora é lidar com pessoas diferentes e seguir se perguntando se está fazendo o melhor que pode”, conta ela, para quem a sensação de estar entre alunos novos é bastante frequente, já que é professora substituta. A Elísio Teixeira é a sétima escola em que trabalha.
Por não ser professora concursada no cargo, Nayara não tem direito aos cursos de formação oferecidos pelo governo. Trilha seu próprio caminho, atentando também para consolidar sua maneira pessoal de atuar na profissão. “Aprendi que não há receita pronta para dar aula, é preciso se descobrir profissionalmente”, conclui.
Nayara faz parte dos 29% dos professores que acham que é preciso investir mais na formação inicial. O dado é da Pesquisa Profissão Docente, divulgada pelo Todos Pela Educação em parceria com o Itaú Social. Para conhecer essa e outras impressões dos professores sobre o cotidiano docente acesse.