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O que será da Educação brasileira em alguns anos?

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Quando pensamos no futuro, imaginamos algo muito distante. Para muitos de nós, ainda resistem aquelas imagens de robôs, carros voadores ou realidades virtuais. Mas muita gente se esquece que essas invenções saídas de filme de ficção científica já são reais ou estão bem próximas disso. Na verdade, empresas já prometem carros voadores para 2022! Ainda que criações dessa magnitude não estejam ao alcance de qualquer um, seus impactos vêm contribuindo para novos padrões de produção e de relações sociais, o que só tende a se intensificar e a atingir mais e mais pessoas nos próximos anos.

O mercado de trabalho já tem sentido esses efeitos – volta e meia aparecem listas com as profissões sob risco de desaparecerem. A boa notícia é que, segundo os estudiosos do assunto, as ocupações provavelmente não vão sumir, mas serão redefinidas pela automatização de alguns processos. Já a má notícia é que o Brasil está extremamente atrasado nessa corrida…

Uma das previsões feitas nesse sentido é a do inglês Richard Susskind. Ele vê um futuro em que os advogados continuarão a existir, mas terão também de saber desenvolver sistemas inteligentes que deem dicas jurídicas, por exemplo – o que envolverá conhecimentos como lógica de programação e comunicação digital.

Desse modo, para nos adaptarmos, precisaremos de competências construídas desde já, em salas de aula com professores bem preparados, equipados e com uma Educação brasileira antenada com as movimentações e transformações do mundo. Diferente dos filmes, não haverá a possibilidade de pausar a imagem da vida diante de uma cena desafiadora… tudo que teremos serão nossos aprendizados arquivados a partir das experiências que desenvolvemos junto a nossas famílias e escolas. Será que estaremos prontos?

Para responder, vamos imaginar o futuro das relações humanas. Novos formatos, fundidos com o mercado de consumo, já começaram a ser delineados: 2,2 bilhões de pessoas no mundo têm Facebook, uma empresa que, lembre-se, lucrou $10 bilhões apenas no 3º trimestre de 2017 com publicidade. Não por acaso, analistas de mídia digital apontam para uma comunicação social cheia de informações falsas ou baseadas em comportamentos de consumo que são mapeados e matematizados pelas redes sociais. O futuro está mais perto do que você poderia supor e estamos correndo atrás do tempo perdido.

Em 2030, no ritmo em que estamos, estaremos muito longe do que gostaríamos – e isso se refere também à qualidade da nossa Educação brasileira. Segundo projeções do Todos Pela Educação, se continuarmos na marcha atual, cerca de 435 mil jovens de até 19 anos poderão ter abandonado a escola ou estar com pelo menos um ano de atraso escolar. E o problema não para por aí. Aqueles que estarão estudando sofrerão com empecilhos para aprender de maneira antenada com as exigências do futuro. Cerca de 11,4% das escolas ainda não contarão com laboratório de ciências, 30% não terão laboratório de informática. Com tantas dificuldades, será difícil fazer avançar as baixas taxas de aprendizagem que vêm se mantendo ao final do Ensino Médio.

Não existe um jeito simples, mas ainda estamos em tempo de alterar essa rota. O caminho começa por uma sociedade consciente de que todas as crianças e jovens devem ter chances de aprender. Essa guinada significa pararmos de achar que dá para fazer Educação brasileira de qualquer maneira, de que matricular a criança na escola basta, de que o professor ganha o suficiente, de que não aprende quem não quer… O futuro demanda esforços no presente, um presente formado por 48 milhões de estudantes, que com suas trajetórias individuais formam o percurso do País, e pelo restante da nossa população, da qual você faz parte.