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Especialistas fazem balanço de 2019 e traçam perspectivas para a Educação

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 Alerta para a Educação em 2019, apontaram especialistas em Educação, durante o primeiro dia do Encontro Anual Educação Já! 2020. O diagnóstico ecoa a conclusão do Relatório Anual de Acompanhamento do Educação Já!, lançado na ocasião e tema da abertura do evento.

 O relatório  inédito das políticas educacionais brasileiras, realizado pelo Todos Pela Educação, atribui nota C para o Ensino Básico no ano passado, a partir do balanço de destaques positivos e negativos. “A despeito de um Ministério da Educação (MEC) inoperante, a Educação não ficou parada em 2019. E quem está assumindo o protagonismo são outros atores: estados, Congresso Nacional, CNE, Undime e Consed”, ponderou Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos, durante o debate. 

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 Na abertura do evento, estiveram presentes os especialistas: Ana Inoue, presidente do Conselho de Governança do Todos; Frederico Amancio, do Consed, Sen. Izalci Lucas (PSDB/DF), Luiz Miguel Garcia (Undime), Luiz Roberto Liza Curi (CNE) e Rebeca Otero (Unesco).  O MEC, na figura do secretário de Educação Básica Jânio Macedo, foi convidado a participar do debate, mas, alegando divergência de agenda, não compareceu.

 

Balanço em 2019

 O Relatório Anual avalia a evolução das políticas educacionais associadas às sete temáticas prioritárias propostas na iniciativa Educação Já! – Governança e Gestão, Financiamento, Base Nacional Comum Curricular, Professores, Primeira Infância, Alfabetização e Ensino Médio. Ancorados nessas temáticas, os participantes do debate foram convidados a avaliar os destaques positivos e negativos na Educação no ano passado. Veja os destaques das falas dos especialistas sobre 2019:

Ana Inoue, presidente do Conselho de Governança do Todos

“Ocupação é a palavra que define 2019. Todos espaço que permanece vazio em políticas públicas é ocupado e, como vimos no tema do Fundeb, foi isso que aconteceu ano passado”.

Senador Izalci Lucas (PSDB-DF)/ Vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação 

“Todos falam de priorização da Educação, mas esse é um discurso que não bate com  recursos. Há um abismo entre o que dizem as autoridades e o que se aplica na realidade”.

Frederico Amancio, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)

“Houve um avanço positivo em 2019: o fortalecimento do protagonismo de diversas instituições. Temos uma dependência histórica do MEC, mas o sentimento de urgência fez com que outros atores tomassem a frente”.

Luiz Miguel Garcia, União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime)

“Houve a importante discussão do processo da formação inicial e continuada dos professores. É importante destacar que é fundamental a representação das redes de ensino para que haja o endereçamento dos sentimentos do chão da escola em relação ao assunto. Temos de levar em conta a perspectiva dos Municípios, muito deles bem pequenos”.

Luiz Roberto Liza Curi,  Conselho Nacional de Educação (CNE)

“Além da BNCC, que já está em implementação, as Diretrizes Nacionais Curriculares (DCNs) de formação dos professores também foi destaque. Tivemos pouco tempo, mas conseguimos debater e consolidar uma agenda transformadora para a formação dos professores”.

Rebeca Otero, coordenadora de Educação da Unesco no Brasil

“Avançamos pouco na reformulação do Ensino Médio, mas toda a discussão em torno do assunto foi muito rica. O ano de 2019 também mostrou que a sociedade brasileira está entendendo sua responsabilização na Educação, como mostra o próprio Educação Já!”.

Perspectivas da Educação para 2020 

 Além dos destaques positivos e negativos em cada uma das sete temáticas, o Relatório Anual também elenca as perspectivas para 2020 em cada uma delas, tema que subsidiou a segunda parte do debate na abertura do evento. Os participantes do encontro atribuíram nota 5.5 como perspectiva para a ensino em 2020, mostrando que especialistas, gestores e educadores ainda têm muita preocupação em relação aos avanços da área. “Nós precisamos reafirma a urgência do Educação Já! o tempo inteiro. Nosso compromisso deve ser com a aprendizagem dos alunos. E para isso, neste ano, temos duas grandes prioridades: além da aprovação e regulamentação do Fundeb, há ainda a implementação do Novo Ensino Médio, uma oportunidade importante de modernização da etapa e um dos trabalhos de implementação mais complexos que já se viu na história das políticas educacionais. Nesse ponto, a coordenação do MEC faz  falta”, indicou Priscila. Além da presidente-executiva do Todos, confira o que pontuaram os especialistas:

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Ana Inoue
“Só há vagas em universidades para cerca de 20% dos jovens brasileiros. E os outros 80%? Estamos devendo isso para o Brasil: a construção de uma política para a juventude. Temos a responsabilidade de realizar o enorme potencial que o País tem.”

Frederico Amancio

“Precisamos trazer a palavra Educação para o presente – é o jovem de hoje que tem necessidades a serem.supridas já. Temos de assumir nossa responsabilidade e senso de urgência e não deixar para os outros.”

Senador Izalci Lucas (PSDB-DF) 

“A grande prioridade é a aprovação do Fundeb e o Congresso não falhará com isso. Além disso, precisamos colocar banda larga nas escolas, destinando recursos especificamente para isso”.

Luiz Miguel Garcia

“Neste ano, o meu desejo é que melhoremos ainda mais o diálogo entre Estados e Municípios. Que a implementação da BNCC integre os educadores e que eles possam, a partir do documento, pensar os percursos formativos de seus alunos. Esperamos também que Undime seja a grande articuladora da Educação Infantil do País, uma etapa que estratégica como porta de entrada para o ensino. Qualificá-la, torna as próximas fases mais exitosas.

Luiz Roberto Liza Curi

“Precisamos continuar a avançar na qualificação da formação continuada dos professores, um desafio imenso que exige estímulos entre as Instituições de Ensino Superior, as secretarias, escolas, professores e estudantes. Precisamos superar a banalidade dos currículos de formação docente e estimular as instituições e as escolas a exercerem controle social sobre quem forma e os modelos curriculares”.

Rebeca Otero

“Minha perspectiva para 2020 é que haja uma Educação mais inclusiva, trazendo para o sistema educacional os jovens às margens da sociedade. Além disso, precisamos ampliar a expansão da Educação Profissional. E por fim, pensar em uma Educação que forme cidadãos melhores para o nosso planeta”.