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IDH 2017 e Educação: pouco avanço, muitas desigualdades.

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O Brasil subiu apenas 0,001 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre 2016 e 2017, mas se manteve na 79ª posição no ranking mundial de desenvolvimento humano entre os 189 países analisados, de acordo com a divulgação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Em 2016, o País tinha um IDH de 0,758 e passou a 0,759 no ano seguinte. O relatório foi publicado nesta sexta (14).

 

O IDH é um indicador que vai de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, mais desenvolvida é a nação de acordo com o cálculo. O índice leva em consideração os seguintes componentes: saúde (expectativa de vida), Educação (expectativa de escolaridade e média de anos de estudo para pessoas com 25 anos ou mais) e renda (Renda Nacional Bruta (RNB) per capita). Este último quesito não deve ser confundido com o Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que a RNB engloba as quantias recebidas de investimentos fora do país, coisa que o PIB não considera.

Estagnação

No Brasil, os componentes de Educação mantiveram-se constantes. A expectativa de anos de escolaridade para uma criança permaneceu em 15,4 e a média de anos de estudo para adultos com 25 anos ou mais manteve-se em 7,4 – valores iguais aos índices apresentados em 2016. Ou seja: não saímos do lugar.

Apesar disso, a série histórica dos dados revela um quadro positivo. Nos últimos 17 anos, as crianças contam com 3,2 anos a mais de expectativa de escolaridade. Já os adultos registraram, no mesmo período, 4 anos a mais na média de tempo de estudo.

Desigualdade

Com o índice de 0,759, o Brasil é classificado como um país de Alto Desenvolvimento Humano. No entanto, quando são levadas em consideração as desigualdades, esse grau de desenvolvimento é relativizado e acaba caindo para 0,578. Isso ocorre porque existe um cálculo denominado Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em conta outras variáveis, tais quais a desigualdade na esperança de vida e a desigualdade na Educação – no Brasil, essas taxas são de 10,8% e 22%, respectivamente. O Chile, por exemplo, apresenta taxas muito menores para esses dois quesitos, 6,1% e 7,5. Por isso, o país latino tem um IDHAD muito maior que o brasileiro: 0,710.

Esses resultados reforçam a necessidade de o País aprimorar a qualidade e a equidade da nossa Educação a fim de garantir o desenvolvimento dos indivíduos e do Brasil como um todo. Mas, dar um salto no ensino requer priorização para a área, o que só será possível mediante a execução de inúmeras ações combinadas.

Mulheres e homens iguais?

Assim como o IDHAD, existe o  Índice de Desigualdade de Gênero (IDG), outro indicador auxiliar para a interpretação do IDH. O IDG mostra mais uma face da desigualdade: a diferença no desenvolvimento de homens brasileiros e mulheres brasileiras. De acordo com os dados, a desigualdade de gênero persiste. As mulheres estudam mais, mas ainda ganham menos que os homens. Consequentemente, o IDH delas é menor que o deles: 0,755 contra 0,761.

Enquanto os homens têm 14,9 anos de expectativa de escolaridade, elas têm 15,9 anos. Já na média de anos de estudos para adultos acima de 25 anos, as mulheres contam com 8 anos ao passo que os homens registram 7,7.

Se por um lado os resultados do IDH comprovam uma diferenciação no acesso à renda para as mulheres, eles também confirmam o que os dados nacionais de fluxo escolar já vêm mostrando há anos: os homens são os que mais evadem e abandonam a escola no Brasil.

Comparações

De acordo com os dados divulgados pelo Pnud, a interpretação do IDH exige cuidado, uma vez que a cada ano o cálculo da série histórica é refeito “considerando mudanças de metodologia e atualização das bases de dados internacionais”. Por isso, não é possível comparar os valores e rankings com os de relatórios publicados nos anos anteriores.