Educação na pandemia: “Não está sendo fácil também para os professores, somos seres humanos”, diz educador Jayse Ferreira
Professor há mais de dez anos na rede pública de Itambé, uma cidade pernambucana com um pouco mais de 36 mil habitantes, Jayse Ferreira é filho da escola pública. É assim que ele define a si mesmo quando fala da trajetória escolar na rede pública, da Educação Básica ao Ensino Superior, e, agora, na docência. Formado em História da Arte, ele leciona Educação artística na Escola de Referência em Ensino Médio Frei Orlando. Em 2014, foi vencedor da categoria Ensino Médio do Prêmio Professores do Brasil e, em 2018, foi um dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, o “Nobel da Educação”.
Assim como educadores de todo o Brasil, Jayse viu seu cotidiano virar do avesso e a natureza do seu trabalho mudar drasticamente frente à pandemia da Covid-19, tendo de aprender como ensinar os seus alunos remotamente de um dia para o outro. “Foi um choque muito duro não poder estar cara a cara com os meus alunos. Não foi fácil”, comentou durante mais uma live “Todos com…”, transmissão realizada ontem (6/8), que contou com a apresentação da Priscila Cruz, presidente-executiva da organização.
A surpresa e a exigência de rápida adaptação da profissão, muitas vezes sem os materiais e apoio necessários, são alguns dos inúmeros desafios vividos pelos profissionais da Educação nesta crise. Veja abaixo esses e outros assuntos analisados pelo professor Jayse e dicas inspiradoras para levar para sua escola e rede de ensino!
Conexão e relacionamento com os alunos durante aulas remotas
“Nós não podemos perder o vínculo dos estudantes com a Educação e, por isso, o mais importante é fazer com que o aluno não evada. Trabalhar de forma conteudista não é o caminho agora, o conteúdo tem que estar embalado na humanidade. Em minha escola, primeiramente, fizemos uma escuta ativa, um diagnóstico de quem é o aluno virtual, se ele tem acesso à internet e a celulares e computadores. Depois que tivemos a devolutiva, começamos a fazer o planejamento das aulas remotas. Ninguém aprende se não estiver empolgado e levo isso em consideração na hora de minhas lives.”
Como lecionar durante este período
“Por incrível que pareça, eu me senti mais próximos aos meus alunos durante a quarentena. Isso porque não tenho como falar apenas dos conteúdos escolares para uma criança que perdeu o pai para a pandemia, por exemplo. É a hora da gestão do ensino, dos professores e das famílias darem as mãos para que possamos sair dessa situação da melhor maneira possível, sempre lembrando que o déficit educacional existirá. Para os profissionais da Educação, não está sendo fácil, há vários docentes de minha escola que estão adoecendo e muito cansados. Precisamos prestar atenção a isso.”
Aprendizados para levar para o pós-pandemia
“Eu espero que a escola foque em fazer as pessoas “prestarem”, isto é, serem éticos em tudo que fizerem. O conteúdo que a gente leciona tem de reverberar na comunidade que o aluno vive, para que esses meninos e meninas sejam pessoas melhores. Eu também espero que a formação inicial dos professores seja repensada para tangenciar a diversidade de estudantes que teremos no futuro.”
Prioridades na volta às aulas
“Primeiramente, precisamos ouvir as experiências de realidades semelhantes e aprender com elas. Os gestores também precisam conhecer, literalmente, cada escola de sua rede, ter noção do que se passa no chão da sala de aula. Cada escola deverá olhar para os seus projetos político-pedagógicos e colocá-los em prática. Além disso, temos que ver a Educação como uma engrenagem, em que cada um dos elementos trabalham juntos.”
ASSISTA AO VÍDEO NA ÍNTEGRA E LEVANTE ESSES DEBATES EM SUA COMUNIDADE ESCOLAR!
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