Educação na Pandemia: CNE fala sobre diretrizes para o aproveitamento do horário letivo no contexto da pandemia
Ainda que inúmeras redes de ensino tenham suspendido temporariamente as aulas em combate à pandemia do novo coronavírus, manter as atividades educacionais durante o período em que se está em casa é crucial para minimizar os prejuízos da ausência das aulas presenciais. A dúvida de professores, especialistas e sociedade é como fazer isso. Para debater as questões relacionadas a isso, as melhores práticas de ensino remoto e os desafios regulatórios durante e no pós-crise, o Todos Pela Educação, o Conselho Nacional de Educação (CNE) o Banco Mundial realizaram, dia 8 de abril, o Webinário “A Educação frente à Pandemia”.
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O Conselho Nacional de Educação (CNE) propôs uma resolução normativa com orientações que servirão de apoio às redes para regular as principais ações a serem tomadas a curto prazo, diante da suspensão das atividades presenciais e também indicações para o período de volta às aulas. “Nesse parecer, trazemos a conceituação de ensino remoto, de Educação a distância e aprendizagem mediada por tecnologia. Também definimos parâmetros necessários para validar as horas letivas no pós-crise, bem como algumas medidas a serem tomadas após o retorno às aulas, como a avaliação diagnóstica”, explicou Maria Helena Guimarães de Castro, conselheira do CNE. O documento foi homologado pelo Ministério da Educação em 1° de junho, com suspenção de um trecho a respeito das avaliações no retorno das aulas, reenviado para reexame do CNE.
Para Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a diversidade de soluções no pós-crise deve atender às múltiplas realidades brasileiras. “Não é possível pensar em uma solução única que abarque todas as crianças e jovens, visto que há níveis diferentes de autonomia e recursos. Temos que usar todos os nossos esforços para não aumentar o fosso de aprendizagem entre os alunos”, alertou. Em complemento, Maria Helena destacou que será possível chegar a uma boa resolução a partir do diálogo e interação com a sociedade, o terceiro setor e os especialistas, respeitando os Conselhos Estaduais e Municipais e as redes escolares que têm suas normas locais.
Ensino remoto e suas possibilidades
Uma das grandes dúvidas das redes de ensino e educadores são os formatos de atividades aos quais podem recorrer neste período para atender à diversidade socioeconômica e de acesso à internet entre seus estudantes. No evento, os especialistas destacaram o que indica a literatura e outras experiências bem-sucedidas em ocasiões de crise: a aprendizagem nesses períodos não se resume àquela mediada por dispositivos tecnológicos ou mesmo online. “O ensino remoto significa um conjunto de atividades de ensino-aprendizagem diversificadas que podem incluir desde vídeo-aulas ou ensino online, como também atividades impressas enviadas aos alunos, leitura de livros”, disse Maria Helena.
As práticas em outros países revelam que não há uma única resposta de políticas e ferramentas educacionais em situações críticas. “Pelo mundo três formatos de ensino a distância se destacam: via TV, um modelo rápido e democrático; os computadores e tablets, que levanta o debate da falta de acesso, e o rádio. Outras políticas importantes são as de apoio aos professores nesse momento que também apresentam três aspectos principais e que podem inspirar outros países: um canal de comunicação entre o professores e a escola para tirar dúvidas; um canal de troca de informações e métodos entre os próprios docentes e para o diretor identificar os educadores que têm mais habilidade em certas ferramentas e usá-los como multiplicadores; e, por fim, ferramentas de acompanhamento do que os alunos estão conseguindo fazer”, explicou Ildo Lautharte, economista do Banco Mundial, sobre a nota técnica “Políticas educacionais na pandemia do Covid-19: o que o Brasil pode aprender com o resto do mundo”, feita pela organização e publicada no final de março.
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação, por sua vez, destacou que as soluções de ensino remoto são extremamente importantes para enfrentar as demandas emergenciais, mas alertou seus efeitos limitados. “Para fazer com que essas ferramentas remotas tenham maior eficácia, é necessário definir seus parâmetros de qualidade. Naturalmente, ainda que isso seja feito, haverá desigualdades. Mas será no volta às aulas que será possível combater esses prejuízos. Por isso, o volta às aulas será um momento crucial”, pontuou em referência à nota técnica “Ensino a distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19”, do Todos, lançada no início de abril.
O evento
Com uma média de audiência online de 3 mil pessoas, entre eles muitos educadores que buscam informações de como proceder frente ao cenário fora do comum, o encontro virtual também contou com a participação de Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed); Ivan Claudio Siqueira, presidente da Câmara de Educação Básica do CNE; João Marcelo Borges, diretor de estratégia política do Todos; Luiz Roberto Liza Curi, presidente do CNE; Pablo Acosta, coordenador de desenvolvimento humano do Banco Mundial para o Brasil e Priscila Cruz, presidente-executiva e co-fundadora do Todos.
Baixe os materiais apresentados no evento virtual
– Apresentação de Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, sobre o ensino remoto
Excelente artigo! Acredito que a volta das audiências presenciais seja um retrocesso em todos os aspectos. O sistema online (webex) está funcionando perfeitamente.