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Educação de qualidade muda tudo e todos

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Mais oportunidades de vida, desenvolvimento do País, mais tempo para se fazer o que gosta, uma infância mais feliz, liberdade para sonhar. As áreas da vida que podem ser transformadas por uma Educação de qualidade são inúmeras acreditam os funcionários do Todos Pela Educação. E eles não estão sozinhos. Diversas pesquisas nacionais e internacionais que estudam a relação da Educação com outras áreas mostram que #EducaçãoMudaTudo mesmo, pois um ensino de qualidade tem um impacto positivo em segurança, saúde, renda e outros setores do País que afetam a vida e o bem-estar de todos os brasileiros.

Com as mais variadas formações e experiências de vida, funcionários do Todos Pela Educação foram convidados a falar sobre o poder transformador da Educação e as lições que aprenderam dentro e fora da organização.

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“Tive uma formação bem humanista na escola básica, fui muito privilegiado. Muito diferente do que vivi quando fui dar aula na rede pública de ensino em Goiás. Lá aprendi muitas lições. Uma delas é que a pobreza é falta de oportunidades, de experiências. O cosmos dos meus alunos estava limitado àquela região, o mundo era aquilo para eles e, assim, aprendi que o desafio de todo professor de escolas públicas em regiões de vulnerabilidade: não apenas ensinar o conhecimento em si, mas de expandir os horizontes. Eu trazia, por exemplo, a ideia deles construírem o projeto de vida deles no primeiro dia de aula, listando objetivos, metas e sonhos e havia aluno que me dizia: eu não tenho sonho nenhum, não sei o que dizer. Relacionamos crianças a ideia dos sonhos, mas eles não tinham muito espaço para sonhar”, Ivan Gontijo, professor, coordenador de projetos na área de políticas docentes do Todos Pela Educação, foi aluno de escola privada

“Depois de alguns anos trabalhando no Todos, eu vejo a Educação de outra forma. Falamos de Educação como prioridade, mas nunca a colocamos realmente nesse lugar; o agir não acompanha a voz. Sem Educação de qualidade, muita coisa fica desconexa tanto socialmente, quanto culturalmente, pois a vida toda de uma pessoa está conectada pela Educação de qualidade, por isso hoje vejo quão importante é ter ensino de qualidade e que todos pensemos nas escolas, não só quem tem filhos. Antes de trabalhar aqui nunca havia pensado na importância das políticas públicas educacionais, por exemplo. Eu mesma, a partir do momento que eu saí da escola, não frequentei mais o espaço. Hoje eu penso: por que não? Por que não ir lá ver se a escola tem biblioteca e do que ela precisa, estabelecer um vínculo? A gente sabe criticar, mas não vai até lá saber como contribuir”, Adriana Manarim, assessora de imprensa do Todos Pela Educação, foi aluna de escola pública

“Quando eu penso na minha escola do fundamental, eu penso em como eu amava a merenda. Era incrível ter um prato de comida de graça e eu tinha amigos que precisavam e dependiam só daquele alimento. Foi ao mudar para uma escola particular, no Ensino Médio, que vi as diferenças: desigualdade na aprendizagem e nas perspectivas de vida. Muitos amigos meus da escola pública nem conhecem a USP (Universidade de São Paulo). Essa trajetória me mostrou que a desigualdade de oportunidades entre crianças e jovens de escolas diferentes é cruel e temos de vencê-la. Não haverá um passe de mágica em que as pessoas acordarão pensando ‘deixa eu pesquisar quais são minhas oportunidades’. Não é assim que funciona. É preciso diminuir os privilégios, pois não acredito no mérito. Na escola pública, eu conheci pessoas incríveis, com muito potencial, mas com destinos já traçados, porque a vida não culminou para que eles tivessem outras chances. Só pela Educação é possível mudar isso e tem que ser via escola pública”, Maria Laura, analista de dados no Todos Pela Educação, foi aluna de escola pública e privada

“Meu pai administrava uma fazenda de cacau na Bahia e eu meus irmãos ficávamos na cidade para estudar. Gostava de estudar e história era minha disciplina preferida, pois com ela viajávamos no Brasil. Quando chegou a idade de querer independência, vim para São Paulo trabalhar. Iniciei o supletivo, mas não concluí. Eu amava estudar, mas me faltou oportunidades. Hoje eu digo ao meu filho adolescente para se esforçar e buscar conhecimento, porque a falta de estudo rouba nosso tempo: se eu tivesse estudado mais eu teria conseguido acompanhar o crescimento dele e não deixá-lo sozinho para ir trabalhar. Se eu pudesse não teria parado de estudar e agora meu papel é entender que é hora do sonho do meu filho”, Claudiane Freitas Mendes Cyrino, auxiliar de limpeza do Todos Pela Educação, foi aluna de escola pública e não concluiu os estudos básicos

“Quando eu mudei para o Ensino Fundamental 2, na minha primeira prova de história eu tirei 3,5 e isso me chocou, pois até então eu não havia tido avaliações, apenas projetos pessoais em que eu tinha um longo período para fazer. Dessa experiência aconteceu algo muito legal: vendo meu desempenho, meus pais passaram a estudar juntos comigo todo final de dia. Nesse processo, eu aprendi como estudar, aprendi que eu deveria entender a história e não decorá-la. No Todos, eu aprendi outra lição: que a Educação é o meio para transformarmos o coletivo e não apenas o indivíduo. Aqui entendi também a importância das evidências científicas e da continuidade das políticas entre trocas de governos para o sucesso do desenvolvimento da Educação Básica brasileira”, Rogério Monaco, relações institucionais, foi aluno de escola privada

“Foi minha mãe, em apoio a escola, que me ensinou a ler. Ela sentava comigo após as aulas de reforço e me ajudava. Meus pais sempre me incentivaram, apesar das nossas dificuldades. Me marcou muito o dia em que fui dispensada do reforço de português e minha mãe chorou. Sou grata a ela ter sido uma mãe que insistiu a me colocar em uma Escola Técnica, mesmo sendo a uma hora a pé da minha casa e eu viver muito cansada. Tudo isso fez eu pensar em Educação como uma questão de esforço, era nisso que eu acreditava antes de trabalhar aqui: meus colegas não estudaram porque não quiseram. Hoje eu enxergo que muitos de meus amigos não tiveram as mesmas oportunidades que eu não, mesmo estando no mesmo espaço. Eu tive um lar mais estruturado e mesmos meus pais não tendo concluído o estudo básico, eles sempre pegaram muito no meu pé. Hoje eu olho para a Educação de uma forma mais plural, como uma questão de oportunidades”, Beatriz Martins Alves, auxiliar administrativa do Todos Pela Educação, foi aluna de escola pública

“Uma memória legal é que eu lembro que eu não lia quase nada, até que cheguei ao Ensino Médio, onde eu tive um professor que passou Dom Casmurro para eu ler e comecei a gostar de leitura. Outra coisa interessante é que eu estudei em escola privada e meus pais sempre diziam para eu agradecer por não estar em escola pública. Por muito tempo tive uma visão de senso comum da Educação Pública até que, nos estágios da faculdade de jornalismo, entrei em contato com o tema da alfabetização – ai eu levei um susto com os dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) e perguntei como é que metade das crianças não sabe ler? Aqui no Todos comecei a aprofundar o meu conhecimento. Não dá, por exemplo, para falar que está tudo errado, tem coisas andando; mas também temos que avançar em outras várias questões, como a aprendizagem”, Lázaro Campos Júnior, estagiário de comunicação, foi aluno de escola privada

“Sempre tive apoio dos meus pais para estudar. Meu pai era advogado e minha mãe estudava muito, falava outras línguas e lia tudo. A Educação sempre foi um valor para nós. Esse valor me acompanha também em meu trabalho. Além de trabalhar no Todos, também administro uma organização sem fins-lucrativos, o Instituto Ana Rosa, que vê a Educação como um caminho de transformar a vida das crianças. Enquanto não houver Educação Básica de qualidade não adianta. Uma Educação de qualidade consegue dar opções de vida às pessoas e elas merecem ter essa possibilidade. Eu posso querer ser um super executivo ou ser um alguém que quer morar em Santa Catarina de frente para o mar pescando peixe, tudo bem. Mas tem de ser uma escolha e não algo imposto pela falta de condições. A única maneira de dar essas opções, é o estudo”, Maria Lucia Meirelles Reis, diretora administrativo-financeira do Todos Pela Educação, foi aluna de escola privada

“Eu era o caos na escola, não gostava muito de estudar quando pequeno, pois eu era muito bagunceiro. Mas quando cheguei ao Ensino Médio isso mudou. Principalmente por conta do Igor, meu professor de Humanidades no 1° ano do Ensino Médio. Ele foi quem me fez seguir para a área de Relações Internacionais e, além disso, a gostar mais de estudar. No Todos, eu aprendi verdadeiramente quais são os principais temas da Educação de qualidade. Sou muito pragmático e gosto de trabalhar com Educação porque eu sei que essa é uma causa que pode mudar o rumo do País inteiro”, Felipe Poyares, assessor de relações governamentais, foi aluno de escola privada.

“Estudei parte na escola pública, parte na privada durante a Educação Básica e uma das coisas mais marcantes dessa trajetória para mim foi ver meus amigos da escola pública de famílias muito vulneráveis se tornarem grandes vencedores na vida por meio da Educação. Para além de tudo que a gente possa aprender de conteúdo na escola, isso é o mais importante. De alguma maneira todos eles tiveram em comum famílias para as quais a Educação era um valor, seja porque os pais não tiveram acesso ou porque eram parentes de professores, como é o meu caso que sou filha de professora. Com a proximidade à minha mãe professora e a ida à faculdade de Direito, eu percebi a relevância da Educação para mudar a vida dos outros. Então, quando saí do Direito para atuar com mobilização em prol da Educação não foi como deixar meu sonho de menina, mas uma nova maneira de fazer o que eu sempre quis fazer: ajudar outras pessoas”, Carolina Fernandes, gerente de mobilização estratégica do Todos Pela Educação, foi aluna de escola pública e privada