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Datafolha: Modelo predominante de seleção de diretores escolares não é o ideal, segundo a maioria dos profissionais da categoria

93% dos entrevistados concordam que a seleção deve avaliar competências técnicas
grupo de jovens que olham para um notebook sobre uma mesa

Embora mais da metade dos diretores de escolas públicas do Brasil sejam designados apenas por indicação da Secretaria de Educação, apenas 5% deles acreditam que esta é a melhor maneira de escolher um profissional para a função. Esse é um dos destaques obtidos pela pesquisa de opinião encomendada ao Datafolha pelo Todos Pela Educação e Itaú Social

A pesquisa mostra também que 93% deles concordam (totalmente ou em parte) que os processos de seleção para a gestão escolar devem avaliar as competências técnicas dos candidatos. 

Com abrangência nacional, a pesquisa foi realizada com diretores da rede pública do Ensino Fundamental I, II e Médio de escolas de redes estaduais e municipais. Além da seleção para o cargo, os diretores foram ouvidos sobre diversos outros temas, como a satisfação com seu trabalho, a formação que já receberam, seu desenvolvimento profissional e sua relação com a Secretaria de Educação para a qual trabalham. 

“É fundamental que as Secretarias de Educação profissionalizem a forma com que escolhem seus diretores de escola. Esta é uma função altamente complexa, que demanda profissionais muito bem preparados. Critérios técnicos precisam ser considerados nessa escolha, como as próprias diretoras e diretores brasileiros afirmam. Junto a isso, investir na formação e ampliar o apoio dado à gestão escolar são medidas cruciais para a melhoria da qualidade do ensino público”, afirma Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.

Gabriel Corrêa lembra que o Todos Pela Educação vem promovendo um amplo processo de escuta sobre Educação e políticas educacionais, no contexto do lançamento do documento “Educação Já 2022 – contribuições para a construção de uma agenda sistêmica na Educação Básica brasileira”. Esse processo inclui rodas de conversa com professores e gestores escolares, além de pesquisas de opinião representativas com estudantes, professores e diretores escolares, como esta em parceria com o Itaú Social. A iniciativa do Educação Já 2022 tem como objetivo subsidiar o poder público com diagnósticos detalhados e propostas concretas de políticas públicas que garantam o avanço da qualidade educacional no Brasil.

Angela Dannemann, do Itaú Social, explica que os diretores e as diretoras das escolas têm a responsabilidade máxima da unidade escolar e o processo de seleção impacta direta e indiretamente no aprendizado e rendimento dos estudantes. “Além das capacidades no campo pedagógico, o cargo exige uma formação gerencial, pois sua função é criar condições de trabalho para os professores, garantir infraestrutura de qualidade e proporcionar condições que os alunos estudem e se desenvolvam da melhor forma possível. Além de uma seleção com base em critérios técnicos, é preciso que as secretarias de educação acompanhem seu desempenho e assegurem que o incremento salarial associado ao cargo de direção seja compatível”.

O Itaú Social desenvolve, em parceria com as secretarias municipais, o programa Melhoria da Educação, que tem por objetivo apoiar com formações e tecnologias educacionais que visam garantir padrões mais elevados de qualidade e equidade no acesso, permanência e aprendizado das crianças, adolescentes e jovens. Suas ações formativas englobam, além dos gestores e técnicos das secretarias, diretores escolares.  

 

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Outros destaques da pesquisa

A pesquisa perguntou aos diretores sobre sua formação para a gestão escolar. Sobre o tema, 27% apresentaram alto grau de concordância com a afirmação de que sua formação acadêmica na graduação ou pós-graduação os preparou para os desafios da gestão escolar. Outros 44% concordaram em parte com a afirmação.

Além disso, a pesquisa ajuda a medir a visão dos diretores sobre o trabalho das secretarias estaduais e municipais de Educação. Mais da metade dos ouvidos (55%) afirmam, por exemplo, que suas secretarias de Educação oferecem – sempre ou muitas vezes – oportunidades de formação para diretores. A grande maioria (93%) acredita que o acompanhamento pedagógico feito pela secretaria contribui com a sua prática de gestão escolar. Grande parte (80%) está satisfeita com as ações de desenvolvimento profissional promovidas pelas suas secretarias. 

A maioria dos diretores gostaria de uma definição mais clara sobre suas atribuições e competências. Quanto a este último ponto, 63% dos entrevistados concordaram totalmente que diretores(as) deveriam ter seu trabalho frequentemente avaliado por representantes da Secretaria de Educação para apoiar seu desenvolvimento.

Enquanto 73% dos diretores indicam alto grau de concordância com a afirmação de que a Secretaria de Educação está efetivamente preocupada com a melhoria da qualidade e equidade na Educação, são 54% os que concordam totalmente que a Secretaria conhece a realidade da escola.

A grande maioria dos diretores indica querer participar mais no desenho de políticas educacionais de suas redes de ensino, embora sejam 42% os que concordam totalmente que a Secretaria permite e incentiva essa participação.

Quando perguntados quais medidas a secretaria de Educação deve priorizar nos próximos anos, o aumento de salários dos professores e o investimento em  programas de reforço e recuperação da aprendizagem dos alunos são os itens mais citados, seguidos da melhoria das condições de infraestrutura das escolas e oferta de mais oportunidades de formação para os professores. Entrevistados avaliaram também o que a pandemia trouxe de novo e que deve permanecer nos próximos anos: a utilização da tecnologia e seu uso para inclusão digital foram os fatores positivos trazidos pelo período de escolas fechadas e necessidade do ensino remoto. 

O Datafolha ouviu 418 entrevistados, por telefone, em todo o país, numa amostra que respeita a distribuição de diretores com base nos dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

 

Sobre o Todos Pela Educação 

O Todos Pela Educação é uma organização da sociedade civil com o objetivo de contribuir para melhorar para valer a qualidade Educação Básica no Brasil. Sem fins lucrativos, não governamental e sem ligação com partidos políticos, é financiada por recursos privados diversos, não recebendo qualquer tipo de verba pública – o que lhe garante a independência, necessária para atuar em prol do que precisa ser mudado. O Todos atua reunindo e estruturando o melhor do conhecimento e das evidências disponíveis, qualificando o debate e articulando com o poder público para que políticas públicas educacionais efetivas sejam realidade em todo o país. Saiba mais.

 

Sobre o Itaú Social – www.itausocial.org.br

O Itaú Social desenvolve, implementa e compartilha tecnologias sociais para contribuir com a melhoria da educação pública brasileira. Sua atuação está pautada no desenvolvimento de projetos sociais, no fomento de organizações da sociedade civil e na realização de pesquisas e avaliações. Juntamente com uma rede de parceiros, fornecedores e colaboradores, trabalha para que municípios, Estados e União se unam para entregar aquilo que é direito de todos: acesso à educação de qualidade, sem restrição de tempo, espaço, raça, cor ou gênero.

 

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