Eleições: Como priorizar a Educação
A Educação brasileira há muito está pedindo socorro: quase metade dos professores brasileiros não recomendam a profissão aos seus alunos e 55% dos nossos estudantes com 8 anos não sabem ler e fazer contas adequadamente! Situações como estas deveriam despertar um senso de urgência na sociedade que, diante das eleições, precisa reivindicar que a Educação seja prioridade nos programas de governos dos candidatos.
Não venceremos de maneira sustentável os desafios de corrupção, segurança, saúde e desemprego sem investirmos em nossos alunos, professores e escolas. A Educação deve ser nosso escudo! Por isso, à frente de um grupo diverso e suprapartidário, elencamos 7 pontos prioritários que devem ser foco dos governos Federal, Estadual e Municipal para a área da Educação, a fim de impulsionar o desenvolvimento integral do País. Confira!
1) BNCC pra valer!
Entre as sete urgências que podem reorientar a nossa Educação está uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas não qualquer uma: tem que ser uma base que faça a diferença. O documento deve ser capaz de servir como um mapa sobre o quê e em quanto tempo os alunos têm direito de aprender, de modo que ninguém fique perdido. Porém, isso só mudará a história educacional do Brasil se for pra valer! A Base Nacional da Educação Infantil e Ensinos Fundamental (que já estão prontas) e do Ensino Médio (ainda em discussão) indicam os tópicos a serem aprendidos pelos alunos – e isso por si só é importante! No entanto, elas precisam se tornar um instrumento real nas mãos de professores e redes de ensino. Isso exige que a gestão federal alinhe materiais didáticos e formação docente ao documento, além de apoiar as redes na implantação do documento. Sem isso, de nada adiantará termos discutido por anos o conteúdo dessa Base.
2) Ler e escrever bem!
Sem saber ler, escrever e fazer cálculos matemáticos com proficiência, nossas crianças não exercerão com qualidade as atividades de cientista, motorista, engenheiro, professor ou qualquer outra coisa que desejarem. Mudar a Educação já, portanto, passa por priorizar iniciativas eficientes focadas em professores alfabetizadores – aqueles profissionais responsáveis pela base da Educação. Apoiar as redes de ensino em seus contextos específicos e preparar esses docentes são fatores essenciais para conseguirmos melhores resultados. Não por acaso, a formação continuada é a medida mais citada pelos professores para valorização da carreira.
3) Novo Ensino Médio para todos, todos mesmo
Se uma pessoa do século XX fosse descongelada nos dias atuais, como mostra o roteiro de uma novela recente, dificilmente ela acharia um Ensino Médio muito diferente do que fora em sua época. Essa etapa precisa mudar já e esse será um dos maiores desafios das próximas gestões. A lei da “reforma” do Ensino Médio indicou caminhos interessantes, como incentivar a interdisciplinaridade, a serem seguidos, mas muito falta ser definido para que a medida contemple as demandas dos jovens e comunidade escolar.
A próxima equipe do Ministério da Educação (MEC) deve concentrar esforços para apoiar as redes de ensino a viabilizar a oferta do Ensino Integral e dos itinerários formativos, ao mesmo tempo em que garanta uma Base Nacional do Ensino Médio que realmente crie oportunidades de maior flexibilidade para a etapa. As ações para esse remodelamento devem levar em consideração ainda as populações de vulnerabilidade social para que a mudança não agrave as desigualdades educacionais já existentes e garanta uma etapa que inclua a todos – todos mesmo!
4) Formar professor para a sala de aula
Assim como um médico, o professor precisa testar seus conhecimentos durante o período de formação e experimentar diferentes metodologias. Assim, ele chegará à sala de aula equipado de ferramentas úteis para vencer as dificuldades de aprendizagem com maior facilidade. Enfrentar esse problema de capacitação docente é fundamental para impulsionar toda a Educação. Uma das iniciativas imprescindíveis para mudar esse quadro é aproximar os currículos das licenciaturas à realidade escolar.
5) Promover a colaboração entre redes
Prevista em 1988, o Brasil ainda não tem uma rede consolidada de colaboração educacional entre municípios, estados e União. Sem um Sistema Nacional de Educação (SNE) que atribua responsabilidades para cada esfera do governo na Educação, estamos desperdiçando dinheiro e sobrepondo iniciativas. Em um cenário de crises diversas como o nosso, criar um mapa que resolva esses problemas é um dever! O SNE abrirá caminhos para equidade. Ele poderá diminuir as dificuldades enfrentadas por uma escola municipal de uma cidade com poucos recursos, ao permitir que o Estado a auxilie financeiramente, por exemplo. Saiba mais aqui.
6) Dar mais recursos para quem tem mais desafios
Precisamos redistribuir melhor os recursos da Educação. Essa é outra das iniciativas críticas que podem mudar a Educação Já! É necessário continuar aumentando o orçamento destinado ao Ensino Básico, mas isso requer tempo para planejamento e captação. Aprimorar o uso do dinheiro que já temos, por outro lado, é algo que podemos fazer em um curto espaço de tempo e deve estar entre os planos dos candidatos à Presidência.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) precisa se tornar permanente e ser aperfeiçoado para diminuir também as diferenças dentro dos estados.
7) Mais parceria pela Primeira Infância
Pesquisas nacionais e internacionais mostram que a Educação Infantil de qualidade pode impactar não apenas a trajetória escolar e vida de uma pessoa, como influenciar o desenvolvimento de todo um País. A qualidade da Educação dessa etapa, no entanto, não se resume ao que acontece entre as paredes da escola.
A nova gestão terá de fazer avançar não apenas a infraestrutura adequada e a capacitação docente para essa etapa de ensino, como também garantir serviços de apoio que garantam a higiene, a segurança e o bem-estar das crianças fora da escola. Para isso, planejar e executar programas intersetoriais que fomentem parcerias entre o MEC e outras pastas (saúde e assistência social, por exemplo) devem fazer parte das prioridades do novo governo.
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