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Democracia na escola: a sociedade que queremos começa na sala de aula

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São tantas as crises pelas quais o Brasil vem passando que, amedrontados com tanta instabilidade, parecemos cada vez mais distantes do diálogo e da democracia. Essas fraturas no corpo do País precisam ser tratadas o quanto antes, pois sem escuta é impossível avançarmos para o progresso comum. Mas como fortalecer as nossas bases democráticas? A receita é simples: com Educação!

Uma evidência disso foi apresentada no estudo internacional dos pesquisadores Lutz W, Crespo Cuaresma J, & Abbasi-Shavazi MJ, que mostra que países cujas médias de escolaridade eram altas nos anos 1970 apresentam maiores chances de terem, atualmente, regimes políticos democráticos. Embora o levantamento não indique uma causalidade (isto é, nem sempre alta escolaridade resulta em democracia), ele demonstra que os espaços escolares favorecem a convivência com a pluralidade – tanto que os países que figuram no ponto mais alto da escala são, justamente, países com boas performances nos exames internacionais e democráticos.

Resultado semelhante parece se repetir por aqui. No estudo Medo da Violência e o Apoio ao Autoritarismo no Brasil, os pesquisadores do Fórum Nacional de Segurança Pública (FNSP) também demonstram uma correlação positiva entre escolaridade e posições mais democráticas: quanto maior o tempo de estudo, maior a aversão ao autoritarismo.

Os autores apontam que o País precisa olhar a violência sob a perspectiva da prevenção, apostando em iniciativas combinadas com áreas como a Educação, para não cairmos em soluções artificiais e autoritárias em resposta à insegurança.

Mas o que violência, democracia e Educação têm a ver umas com as outras? Tudo! A maneira como enxergamos o problema da violência em nossas casas, escolas, ruas e até mesmo a violência empregada pelo Estado tem tudo a ver com democracia. Isto é, quanto mais amedrontados, expostos e sem confiança nas instituições estamos, mais nos sentimos impelidos a buscar justiça a qualquer custo, acreditando em teorias que trocam liberdade por segurança. Do mesmo modo, quanto menos esperança temos no debate democrático, mais propensos à violência estamos. Fazendo coro com o FNSP, não há hora mais propícia para compreendermos como os elos dessa corrente se interligam, uma vez que estamos diante de uma batalha de narrativas que mexe com a opinião pública – estamos em um ano eleitoral!

A Educação entra nessa equação como uma ferramenta preventiva, tal qual sugere o FNSP, um meio capaz de amenizar os extremismos. Nesse sentido, uma Educação comprometida com a pluralidade é, sim, um instrumento democrático por excelência. Veja bem: não estamos falando de qualquer Educação, mas sim de um ensino comprometido com a qualidade (todo mundo tem de aprender e bem!) e com valores democráticos (todo mundo tem de respeitar uns aos outros outros!).

Uma escola não apenas valoriza o diálogo, como prepara o aluno com formação adequada para tal. Ao apostarmos nisso, a sociedade em suas diferentes esferas ganha. Uma Educação que ensina as crianças desde pequenas a dialogar, ao mesmo tempo que lhes garante aprendizagem, é o coração de uma Nação crítica, de instituições fortes e valorização da diversidade.