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Seminário #EducaçãoJá! – “Precisamos de uma mobilização nacional para que reformas educacionais tenham sustentabilidade”, diz o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung

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Quem já vivenciou uma crise hídrica sabe a necessidade de repensar estrategicamente o uso da água, direcionando sua utilização para as necessidades mais básicas. Diante de crises, prioridades são essenciais. Não é diferente com a Educação. Acometida pelo descaso histórico e as sucessivas crises econômicas e políticas do País, a área sofre com iniciativas públicas picotadas, troca constante de gestores e, lá na sala de aula, aprendizagem que não avança.

Para inverter essa tendência, o Brasil precisa superar a dinâmica de interrupções, exigindo que os governantes atuem politicamente pela Educação e que a população compre essa briga. Esse foi um dos temas tratados no  “Seminário Internacional #EducaçãoJá: Prioridades para Educação Básica e desafios de implementação” que reuniu gestores e especialistas para debater as sete iniciativas apontadas na agenda Educação Já!, liderada pelo Todos Pela Educação. O evento foi realizado pelo Todos, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

O painel sobre o preço político da Educação contou com a participação de Ben Schneider, professor do MIT; Fernando Abrucio, professor da FGV/SP; e Alex Canziani, ex-deputado pelo PTB e ex-presidente da Frente Parlamentar de Educação da Câmara dos Deputados; e Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo pelo MDB.

João Marcelo Borges, diretor de estratégia política do Todos Pela Educação e mediador do painel, destacou quatro aspectos que caracterizam a prioridade política dada ao assunto: colocar o tema no discurso político, escolher equipes educacionais tecnicamente qualificadas, agir com programas e ações informados pelas evidências e, por fim, orçamento dedicado à área. Confira o que mais os debatedores apontaram.

Sem atalhos

Confiar em “heróis” públicos ou recorrer a estratégias sem diálogo são atalhos para as reformas educacionais que devem ser evitados, defendeu Schneider. A partir do exemplo bem-sucedido do Chile, o pesquisador argumentou que apesar de mais longo, o debate entre eleitores, governo e professores é o melhor caminho a seguir quando o assunto é criar políticas públicas que sejam legitimadas pela sociedade. “Não se trata apenas de apostar em medidas isoladas para melhorar a qualidade da Educação, a sociedade civil como um todo precisa buscar alianças para manter as reformas de pé a longo prazo”, afirmou.

No seminário, Paulo Hartung, por sua vez, enfatizou que a prioridade da Educação na pauta dos políticos virá quando melhorar a qualidade das escolas transformar-se em um valor para além dos especialistas, um objetivo de toda a sociedade. Ele apontou caso semelhante no processo que levou ao combate à hiperinflação nos anos 1980 e 90, por exemplo, o que requereu um esforço amplo. “Os exemplos heroicos de política educacional iluminam o caminho, mas o que precisamos é de uma mobilização nacional, em que o cidadão comum entenda o efeito da Educação na vida dele. Esse é um passo para que as reformas educacionais tenham sustentabilidade e se transformem em uma caminhada”, afirmou o ex-governador do Espírito Santo.

Efeito da Educação na vida das pessoas

A concretização dessa mobilização, porém, passa pelo convencimento da população a respeito da centralidade da Educação. Para Abrucio, pesquisas de opinião recentes revelam o desafio: a Educação é vista como a política pública que mais pode mudar a condição socioeconômica de alguém, mas, ao mesmo tempo, ela não é percebida como aquela que mais afeta as pessoas. “Precisamos mostrar a centralidade da Educação, convencer a população sobre o efeito imediato da Educação na vida das pessoas. A área deve ser vista como peça-chave do bem-estar social que o cidadão comum deseja”, afirmou.

Lideranças e coalizões políticas precisarão tomar a frente desse processo. Com a experiência de presidir a Frente  Parlamentar de Educação da Câmara, no seminário, Canziani destacou a necessidades dos deputados e senadores atuarem pela causa tanto em Brasília quanto em suas bases eleitorais. “Os deputados têm que ter as informações para levar à Câmara, pois um trabalho de diálogo com o Ministério da Educação (MEC) pode ter muito impacto. Além disso, é necessário dar valor social nas bases eleitorais por conta das ações pela Educação em Brasília. Assim, os deputados serão prestigiados e mais comprometidos com a causa”, afirmou.

Hartung finalizou explicando que é otimista com pés no chão. “Temos uma boa agenda, uma luz que indica um caminho. Temos barco, vela e, o que precisamos é colocar o barco andando para andar na direção certa. Saímos daqui com um rumo de mobilização para a sociedade brasileira”, afirmou.

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O Seminário Internacional Educação Já! colocou em debate os primeiros passos para dar um salto na qualidade do Ensino Básico, com etapas descritas em detalhes nos aprofundamentos de ações que precisam ser colocadas em prática já entre 2019-2020. Confira aqui.