“Para o Brasil crescer, precisamos melhorar os resultados educacionais e não de guerras ideológicas”, afirma Priscila Cruz
Investir na implementação de políticas educacionais informadas pela evidências científicas é o que pode mudar a trajetória do Brasil, defendeu Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, no evento Veja Exame – 100 dias de governo, que reuniu especialistas de diferentes áreas para analisar os primeiros meses da gestão Bolsonaro e as perspectivas para o futuro.
Na mesa “Educação: como avançar na formação dos brasileiros e na produtividade do País”, Priscila dividiu o debate com a deputada federal Tabata Amaral (PDT) e com Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (Ceipe), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Mobilização e consenso
Eleita com a Educação como um dos focos de seu mandato, Tábata defendeu que a mobilização para transformar a Educação em pauta da gestão pública deve vir da sociedade civil organizada. “Quem teve acesso a uma boa Educação tem que se mobilizar em prol dos demais; não podemos esperar que essa demanda venha de quem não teve oportunidades”, disse. Priscila, por outro lado, enfatizou que já existe, na verdade, uma demanda por melhores serviços na área. “No Brasil, a gente até valoriza Educação, mas desde que seja para mim e meus filhos. Mas precisamos entender que se queremos um Brasil seguro e desenvolvido, teremos que lutar pela Educação como um bem de todos e não apenas nosso”, afirmou.
Ela destacou ainda que um primeiro passo já foi dado pela sociedade civil: há uma agenda consensual sobre quais são as prioridades educacionais. “Quando reunimos os especialistas pragmáticos, que querem fazer o ensino de qualidade avançar, o consenso sobre o que precisa ser feito é muito grande, maior que em qualquer outra área. Falta, porém, vontade política de implementar. Resta-nos perguntarmos, por que essa inércia”, criticou.
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Claudia, por sua vez, chamou atenção para um profissional fundamental na virada de qualidade da Educação brasileira: os professores. “Hoje podem ingressar no magistério pessoas que atingem níveis abaixo do aceito para a conclusão do Ensino Médio. Ou seja, estamos atraindo o público errado para a carreira docente e formando também de maneira equivocada. Mas podemos mudar isso. No Chile, eles subiram a nota de corte para os cursos para docentes, dando mais prestígio à profissão”, pontuou.
Entender o quanto a Educação pode transformar a sociedade é o ponto central para que o governo se engajem nos temas imprescindíveis para a área – como professor, alfabetização na idade certa, financiamento mais equitativa, governança educacional mais eficiente, direitos de aprendizagem, Primeira Infância e Ensino Médio – e não em assuntos polêmicos que têm efeito nulo sobre os índices educacionais. “Fazer Educação de qualidade é trabalho duro, tem que articular com o Congresso Nacional, enfrentar o corporativismo, eleger prioridades, estudar as evidências. Os estudos mostram que, a cada 100 pontos no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), dois pontos percentuais são acrescidos ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Assim, se a gente quer desenvolvimento, precisamos melhorar os resultados educacionais e não de guerras ideológicas”, concluiu.