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Faces da nossa história

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A história do Brasil é marcada por uma rica diversidade cultural, onde diferentes grupos étnicos contribuíram para a formação do país. No entanto, por muito tempo, a narrativa histórica oficial negligenciou e silenciou as contribuições desses grupos.

É fundamental reconhecer e valorizar as contribuições dessas pessoas.

Ao trazer à tona essas histórias e ressaltar a importância dos líderes quilombolas e das personalidades negras, é possível construir uma narrativa mais inclusiva e verdadeiramente representativa da diversidade étnica e cultural do Brasil.

Portanto, este conteúdo “Faces de nossa história”, é um convite para uma reflexão profunda sobre o passado, presente e futuro do país, reconhecendo a luta e o legado dessas personalidades, que merecem ser celebradas e lembradas como protagonistas na construção da identidade nacional.

Tereza De Benguela

Rainha de um dos quilombos mais importantes do Brasil, Tereza de Benguela coordenava a estrutura administrativa, econômica e política do quilombo do quariterê, no Mato Grosso. Se tornou símbolo do poder e da alma da mulher preta. Em 2014, foi instituído o dia 25 de julho como o dia nacional de Tereza de Benguela e da mulher negra.

Luiza Mahin

Líder da Revolta dos Malês, Luiza Mahin teve um papel fundamental na liderança e na articulação da maior revolta escrava do Brasil, a revolta dos malês. Hoje, Mahin é reconhecida como símbolo da resistência negra e da herança cultural da população afrodescendente.

Maria Firmina dos Reis

Maria Firmina dos Reis foi uma abolicionista negra considerada a primeira mulher a publicar um romance no Brasil. Nascida no Maranhão em 1822, ela foi autora de “Úrsula”, publicado em 1859. O livro ficou marcado como pioneiro na crítica antiescravagista, sobretudo por apresentar personagens negros humanizados, donos de suas próprias histórias.

André Rebouças

André Rebouças foi o responsável pela construção de docas nos portos de Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Foi também responsável pelo desenvolvimento  de meios para melhorar o abastecimento de água e as linhas ferroviárias da capital do Império. Amigo da família imperial e um dos fundadores da “Sociedade brasileira contra a escravidão”, Rebouças teve um papel fundamental no movimento abolicionista na segunda metade do século XIX.

Laudelina de Campos Melo

Laudelina fundou a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil. Com a volta da democracia, Laudelina continuou a lutar pela valorização da cultura negra e do trabalho doméstico. Auxiliava a fundar associações de cunho político e cultural, e também organizava manifestações e abaixo-assinados com o propósito de pressionar os legisladores a promulgarem leis favoráveis ao trabalhador doméstico.

Luís Gama

Luís Gama, filho de um descendente de portugueses com Luiza Mahin, foi um dos maiores articuladores do movimento abolicionista. Como autodidata, ele passou a estudar Direito e, usando as letras da lei, começou a defender escravos. Calcula-se que Gama tenha conseguido alforriar, pela via judicial, centenas de escravos.

José do Patrocínio

José do Patrocínio, escritor, jornalista e um dos líderes do movimento abolicionista. Era conhecido pelos seus poemas, como o “mequetrefe”, direcionado à princesa Isabel. Em 1883, foi um dos idealizadores da confederação abolicionista, que marcou presença na luta pela abolição em todo o território nacional.

Madalena Caramuru

Filha de português com uma indígena tupinambá, Caramuru foi a primeira mulher que se tem notícia que sabia interpretar o código linguístico. Em 1561, ela teria escrito ao padre Manoel da Nóbrega reivindicando pela primeira vez a instrução feminina no Brasil (sem imagem).

 

Lima Barreto

Lima Barreto foi um jornalista e importante escritor do pré-modernismo brasileiro. Com um estilo de escrita que desafiava as normas gramaticais, Lima Barreto escreveu sobre injustiças sociais e as dificuldades que marcavam o início da República. Em 1915, publicou sua obra prima, Triste fim de Policarpo Quaresma.

Aqualtune

Aqualtune, que era filha do rei do congo, foi presa após uma invasão territorial e levada ao mercado de escravizados. A princesa foi presa e levada para um mercado de escravos e, de lá, foi enviada para o Brasil. Aqualtune liderou uma fuga com destino a um quilombo de africanos livres, seu conhecimento político foi central na fundação do quilombo Zumbi dos Palmares. Foi avó de Zumbi dos Palmares.

Esperança Garcia

Esperança Garcia era uma mulher negra, escravizada e mãe que em 1770 relatou em uma carta ao governador da capitania do Piauí as violências que sofreu e testemunhava na fazenda de algodão, localizada a 300 quilômetros de Teresina. O documento é considerado uma das primeiras cartas de direitos. Em 2017, Esperança Garcia foi reconhecida pela OAB/PI como a primeira advogada piauiense.

Dragão do Mar

Francisco José do Nascimento, também conhecido como Dragão do Mar, era um líder jangadeiro e abolicionista que desempenhou um papel relevante no movimento abolicionista no estado do Ceará. Em 1881, quando já estava proibido o tráfico intercontinental, ele liderou um movimento para barrar o tráfico interprovincial de escravizados, paralisando e fechando o mercado escravista do Porto de Fortaleza.

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro considerado pela crítica como um dos maiores nomes da literatura brasileira. Foi o precursor do realismo brasileiro e fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras. É  autor de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e Dom Casmurro (1899).

Maria Felipa

Maria Felipa de Oliveira, mulher negra itaparicana, desempenhou um papel central na luta pela independência da Bahia. Dentre os feitos, ela liderou um grupo de 40 mulheres que atearam fogo em embarcações portuguesas. Maria teria liderado também a surra de cansanção (vegetal que causa urtiga e sensação de queimadura ao toque) nos soldados portugueses.

Alessandra Korap

Meses após ter a casa invadida e receber ameaças de morte por denunciar atividades ilegais em terras indígenas, a ativista e indígena da tribo Munduruku, Alessandra Korap, recebeu o prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, um dos mais importantes do mundo. Denunciando há anos o desmatamento ilegal, invasão de terras e atuação de garimpeiros em territórios do povo Munduruku, é atualmente uma das vozes mais relevantes no que se refere à luta pelos direitos dos povos indígenas e das mulheres indígenas no país.

Ailton Krenak

Líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena crenaque.

Jaqueline Goes de Jesus

A cientista brasileira integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento foi de 15 dias. A sequenciação permitiu diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China.

Marielle Franco

Mulher, negra, mãe, favelada, Marielle Franco foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro, nas eleições de 2016, com 46.502 votos. Iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré. As questões do feminismo, da luta contra o racismo, bem como a defesa dos direitos humanos nas favelas do país modularam o perfil de seu mandato e seus projetos até 2018 – quando foi vítima junto com o seu motorista Anderson de um assassinado que segue sem respostas até hoje

Maria Odília Teixeira

Era 15 de dezembro de 1909, num Brasil machista e preconceituoso, quando Maria Odília Teixeira, baiana de São Félix do Paraguaçu, superou as estatísticas e formou-se em medicina, sendo a primeira médica negra do Brasil. Como se não bastasse o feito inédito para a sua raça, a médica foi também a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia (cinco anos após conclusão de curso, lecionando Clínica Obstétrica)

Carolina Maria de Jesus

Escritora, poeta e compositora, Carolina ficou muito conhecida por sua obra Quarto de Despejo, o diário de uma favelada. Mineira, nascida em 1914, Carolina  descortinou a realidade vivida por pessoas negras nas favelas, denunciando os impactos do racismo sobre a gente negra e pobre, bem como o descaso do poder público em relação a essas condições. A literatura de Carolina traz a voz das mulheres negras faveladas, mães, que enfrentam muitas mazelas no dia a dia e se fazem protagonistas de suas vidas, inclusive de seus sonhos.

Débora Maria da Silva

Ativista de direitos humanos e fundadora e principal líder do movimento Mães de Maio, criado após os crimes de maio de 2006, quando centenas de pessoas foram mortas pela polícia, Débora passou a ser referência na luta contra a violência policial. O movimento recebeu a Salva de Prata, honraria oferecida a instituições, organizações sociais, fundações ou entidades, como forma de destacar os serviços prestados para a cidade de São Paulo

Thiffany Odara

Mulher transgênera, a educadora social, yalorixá do Terreiro Oyá Matamba de Kakurucá  em Lauro de Freitas (BA). É especialista em gênero, raça, sexualidade e etnia e autora de Pedagogia da desobediência: travestilizando a educação (2020).

Jovanna Baby

Jovanna Cardoso da Silva é uma mulher travesti, foi uma das fundadoras da Associação das Damas da Noite do Espírito Santo, em 1979. É uma ativista pelos direitos das travestis e se tornou assessora parlamentar, diretora municipal de políticas da diversidade sexual e coordenadora da Secretaria de Direitos Humanos no Piauí. Aos 60 anos, Jovanna é presidenta do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros.