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Encontro Anual Educação Já: frente ampla vocaliza urgência em priorizar Educação nas eleições e próximas gestões

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Após dois anos de pandemia, que legou um saldo desafiador à Educação Básica Pública, o Todos Pela Educação reuniu, ontem, 26, uma frente ampla de especialistas, lideranças políticas, gestores e educadores para renovarem o compromisso com a recuperação do Ensino Público brasileiro e do País, no Encontro Anual Educação Já 2022: renovando o compromisso. “Muitas crianças e jovens ficaram abandonados na pandemia, muitos perderam pais e mães e viveram e estão vivendo situações socioeconômicas muito desafiadoras. Desafios educacionais que já existiam foram ampliados. Nunca precisamos tanto do comprometimento de todos e esse grupo aqui pode fazer a diferença”, disse Priscila Cruz, presidente-executiva da organização.

 

Um dia de compromisso político pela Educação Já

O espírito de urgência e a necessidade política de repactuar o engajamento com a Educação e as gerações futuras, especialmente frente às eleições que se avizinham, além da análise crítica do período da pandemia, foram temas que permearam todo o encontro.

Ao longo do dia, foram veiculados pronunciamentos de pré-candidatos(as) à presidência sobre o que priorizarão em seus planos de governo em relação à Educação, caso eleitos. Nomes que enviaram suas declarações em ordem alfabética, por sobrenome:  Felipe D’Avila (Novo), João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), André Janones (Avante), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), representado por Aloizio Mercadante, e Simone Tebet (MDB). Em relação ao critério de escolha e ao candidato Jair Bolsonaro, conforme explicitamos em posicionamento público recente, entendemos que a reeleição do atual presidente configura enorme risco à democracia. Isto posto, e considerando que a defesa da democracia é valor inegociável do Todos, não nos cabe restringir a participação de nenhum pré-candidato(a), por isso convidamos a todos os pré-candidatos(as) que obtiveram pontuação acima de 1% em ao menos três pesquisas de intenção de votos, independentes, divulgadas e registradas no TSE. O candidato Bolsonaro foi o único que não respondeu ao convite do Todos.

 

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Destaques do evento

O evento fechado, que ocorreu na Bienal de São Paulo, recebeu cerca de 350 participantes e teve quatro painéis que abordaram: o papel dos atores legislativos e estaduais no período da pandemia, medidas essenciais para vencer o impacto da Covid-19 no Ensino e voltar a avançar estruturalmente no Ensino, experiências inspiradoras na Educação brasileira e, por fim, um chamamento público pela defesa da Educação Básica Pública, independentemente do partido político, em uma mesa que reuniu figuras de um variado espectro político. Confira falas de destaque em vídeo ou por escrito.

 

 

>> ACESSE O DOCUMENTO EDUCAÇÃO JÁ 2022 AQUI

 

Painel 1: O papel do Fórum de Governadores e do Congresso Nacional na Educação durante o período 2019-2022

Dep. Israel Batista (PSB) 

“O Fundeb é filho do Congresso. Nasceu no parlamento. Tivemos uma votação histórica, onde apenas 7 deputados votaram contra o novo Fundeb.”

Dep. Profa. Rosa Neide (PT)

“A gente vê um governo federal omisso que não coordenou o Ensino durante a pandemia. Cada secretário fazendo um esforço pessoal, porque faltou coordenação nacional”.

– Dep. Idilvan Alencar (PDT)

“[Sobre a importância de aprovar o Sistema Nacional de Educação] Em Educação não se consegue resultado se fizer as coisas separadamente. Não deve do gestor de plantão. Tem que operar no dever, não pode ficar na cabeça de um ou outro gestor”.  

– Wellington Dias (PT), ex-Governador Piauí/Coordenador do Fórum de Governadores 

“Nunca pensei em viver isso na minha vida: um governo anti-federação. Essa falta de centralização nos obrigou [governadores] a assumirmos um papel. Estabelecemos cotas e decidimos vacinar primeiro a segurança e a Educação”.

“Daqui pra frente, precisamos de um plano bem articulado para que tenhamos recuperação para a Educação, com medidas emergenciais de médio e longo prazo”.

 

Painel 2: Educação Já – uma agenda sistêmica para a Educação Básica brasileira

– Gabriel Corrêa, do Todos Pela Educação

“O documento Educação Já é fruto de um esforço coletivo, inclusive de várias pessoas que estão nesse encontro hoje. Foi um material fruto de muita escuta com diversas organizações, professores e especialistas. Uma agenda feita a muitas mãos.”

– Claudia Costin, Diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV

“Esse documento vai servir de guia para aqueles que querem governar o País. Precisamos voltar a ter uma agenda forte e estratégica na Educação brasileira.”

– Henrique Paim, ex-ministro da Educação e diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV

“O mais importante do documento Educação Já é que ele dá centralidade para a agenda da governança e da gestão educacional”.

– Professora Cleciane Alves, da rede estadual do Sergipe e da rede Conectando Saberes

“Ouçam estudantes, ouçam professores. A Educação se faz na partilha.”

– Alexsandro Santos, Diretor-presidente da Escola do Parlamento e professor da Unicid

“O documento Educação Já vai servir de instrumento para mediar o debate público, colocar no centro do debate público quais são os problemas da agenda educacional e quais são os principais que iremos resolver. O documento ajuda a sociedade a ter um parâmetro para priorizar a agenda da Educação”.

– Rozana Barroso, presidente da Ubes

“Para nós que defendemos a Educação, um documento como o Educação Já é muito importante. Nós, jovens e estudantes, queremos avançar, voltar a estudar e reconstruir o Brasil. E para isso, precisamos de uma Educação de qualidade”.

– Rodrigo Mendes, mestre em Gestão da Diversidade Humana pela FGV e presidente do Instituto Rodrigo Mendes

“Precisamos efetivar esse documento como uma grande referência nacional.”

– Samuel Emílio, da Imaginable Futures

“É importante o documento Educação Já trazer a questão da igualdade e equidade racial na Educação.”

– Maria Helena Guimarães, ex-secretária Executiva do MEC, ex-secretária da Educação de São Paulo e presidente da Abave

“Precisamos entender que as desigualdades educacionais precisam ser enfrentadas. Esse documento serve como uma bússola.”

Painel 3: O Brasil tem o que aprender com o Brasil

– Olavo Nogueira Filho, do Todos Pela Educação

“ As experiências de maior efetividade no país, que sistematizamos no Todos, são relevantes porque mostram que é possível fazer acontecer, mesmo em contexto mais adversos, e contestam a ideia de que melhorar a Educação é tarefa de longuíssimo prazo. Bastam 2-3 boas gestões, com continuidade, para mudar o jogo.”

– Izolda Cela (PDT), Governadora do Ceará

“Temos algumas características que justificam nossas boas experiências: ação que se lança e se firma como estado de prioridade — prioridade mesmo, comprometido com metas. Outro ponto diz respeito a um investimento em um regime de colaboração entre o estado e os municípios. De forma horizontal e respeitosa. E outro é o engajamento: das pessoas, escolas e de parcerias.”

– Paulo Câmara (PSB), Governador do Pernambuco 

“Os avanços necessários na Educação precisam ultrapassar governos, precisamos de políticas de Estado, muito bem acompanhadas. É isso que vai mudar o País.”

– Renato Casagrande (PSB), Governador do Espírito Santo 

“O Brasil está sofrendo muito com a descontinuidade. Políticas públicas precisam ser em escala para mudar a realidade que estamos vivenciando. O recado para os próximos governadores: tenha compromisso com a Educação para mudarmos a situação da Educação brasileira.” 

Painel 4: Renovando o compromisso: o futuro da Educação Básica

(ordem alfabética sobrenome)

– Geraldo Alckmin (PSB), Ex-Governador de São Paulo 

“Infelizmente estamos vendo, ao longo dos anos, uma queda nos recursos para a Educação. Prioridade sem orçamento é só discurso.”

– José Fogaça (MDB), Ex-Prefeito de Porto Alegre 

“Aprovar o SNE na Câmara dos Deputados é fundamental, porque sem colaboração e cooperação federativa entre governos federais, estaduais e municipais, a Educação tem dificuldade de avançar. Mas quando essa colaboração funciona produz resultados riquíssimos.”

– Gilberto Kassab (PSD), Ex-Ministro 

“Temos de criar mecanismos para que estados e municípios atinjam as metas educacionais. Não podemos entender que a velocidade de transformação atual está adequada ao que queremos para a Educação. É preciso uma mão mais forte do governo federal e do Congresso Nacional”.

– José Mendonça Filho (União Brasil), Ex-Ministro 

“A gente precisa entender a Educação como algo muito mais abrangente do que algo ideológico. Há de se ter uma coesão social para que ela vire de fato uma prioridade nos três níveis federativos.”

– Aloizio Mercadante (PT), Ex-Ministro

“Daqui a gente sai com uma bandeira que unifica a gente. Sempre teremos diferenças, mas temos uma base muito sólida para colocar a Educação como prioridade e reconstruir.”

– Camilo Santana (PT), Ex-Governador do Ceará 

“Esse documento Educação Já precisa ser um norteador! Independentemente do presidente que seja eleito, importante para dar continuidade e para o empoderamento da sociedade.”

– Marina Silva (REDE), Ex-Ministra 

“O contexto é de uma recuperação pós-guerra., E em recuperação pós-guerra temos de juntar o melhor do estado, do setor privado, da sociedade. Não dá para pensar a política a gente fazendo para a sociedade, mas fazer com a sociedade”.