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“A Educação Integral tem de ser o início da implantação do novo Ensino Médio do Brasil”, afirma João Marcelo Borges

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Por trás dos baixos índices de aprendizagem do Brasil em comparação aos países desenvolvidos estão as grandes diferenças entre os sistemas de ensino brasileiro e das nações desenvolvidas, como o período em que os estudantes ficam expostos à aprendizagem. Uma Educação de 7h ou mais na escola é uma realidade nos países desenvolvidos, enquanto a média é de 5h aula por dia no Brasil, sendo que o tempo de exposição à aprendizagem é ainda menor: pouco menos de 2h.

 

Esse e outros tópicos relacionados à expansão de ensino em tempo integral foi tema do “Seminário Tempo Integral: Alternativa para o Ensino Médio Brasileiro?”, que ocorreu nesta terça (23), no Congresso Nacional, a pedido do deputado federal Idilvan Alencar (PDT-CE), coordenador da comissão de Ensino Médio da Frente Parlamentar Mista da Educação.

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A expansão da modalidade deve ser acompanhada de uma nova proposta pedagógica, defendeu Aléssio Trindade de Barros, representante do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). “É muito importante que o Ministério da Educação (MEC) continue fomentando a política de Ensino Médio em Tempo Integral, mas com visão do todo. Não se trata apenas de ensino integral – e sim a formação integral das pessoas. Não basta a excelência acadêmica, há ainda a formação das habilidades socioemocionais e para atuar na sociedade”.

Durante o evento, educadores, parlamentares e especialistas apresentaram evidências positivas do aumento da oferta de Educação Integral e cases de políticas educacionais de aumento de carga horária no Ensino Médio nos estados do Ceará, Pernambuco e São Paulo. Você pode conferir o debate completo, com as referências aos estudos citados aqui.

Por que devemos investir na Educação Integral

Em sua contribuição ao debate, João Marcelo Borges, diretor de estratégia política do Todos Pela Educação, esteve entre os participantes e listou cinco razões para que o Brasil expanda a modalidade de tempo integral no Ensino Médio.

– é lei

A expansão da modalidade integral é uma determinação do Plano Nacional de Educação (PNE). O documento define que, até 2024, o Brasil deve oferecer Educação Integral, no mínimo, em 50% das escolas da rede pública. “Essa Casa deliberativa definiu que essa é a lei e já seria motivo suficiente para promovermos isso, mas, infelizmente essa não tem sido razão suficiente”, disse João.

 

– impacta na aprendizagem

Ampliar o tempo de exposição ao ensino é uma das prioridades listada pelo documento suprapartidário Educação Já, criado em 2018, para o Brasil dar um salto em qualidade educacional e impulso à aprendizagem. João destacou a relevância da relação entre tempo e aprendizagem. “Nos países de alto desempenho, a média de hora aula é de 7,5h, por dia. Quando olhamos para eles comparados a nós, estamos colocando lado a lado dois aspectos em que saímos em desvantagem: temos poucas horas de aula e poucos recursos investidos por aluno. Não surpreende que também não tenhamos bom desempenho”.

 

– aproveitar a implementação do Novo Ensino Médio

O Brasil tem pela frente a oportunidade para combinar a expansão da educação Integral com a implementação do novo Ensino Médio.”Não podemos fazer uma discussão sobre tempo integral e outra sobre a implementação de mudanças no Ensino Médio. As diferentes ofertas de Educação Integral do Brasil têm de ser o início da implantação do Novo Ensino Médio. Do contrário, perderemos a experiência acumulada com o programa integral”.

– oportunidade demográfica única

O Brasil está em um processo acelerado de transição demográfica, em que o número de crianças e jovens em idade escolar diminuirá. Diante disso, é possível planejar o uso do investimento em Educação. “Com a diminuição do número total de matrículas no Ensino Médio e a manutenção dos recursos hoje aplicados à Educação Básica, temos a chance de ter um aumento no valor percapita investido por aluno. Isso nos permitiria financiar o custo adicional da modalidade de ensino em tempo integral”.

– melhor performance dos professores

As evidências indicam que os professores com vinculação a uma única unidade de ensino tendem a gerar melhor aprendizagem, isto é, ser melhor líderes do complexo processo de ensino-aprendizagem. “Esse é um elemento para o qual também podemos tirar proveito da transição demográfica. Podemos associar as contratações à transição demográfica para garantir que os docentes fiquem nas mesmas escolas, resultando em uma melhor relação com os alunos e em uma média de aprendizagem maior, como as evidências mostram”.

Confira o nome de todos os especialistas, educadores e alunos que participaram do seminário:

 

Abertura

 

Dep. Idilvan Alencar (PDT -CE), Autor do Requerimento

Arcione Ferreira Viagi, Diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (MEC)

Aléssio Trindade de Barros, Representante do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed)

 

Painel 1 – Ensino Médio em Tempo Integral: conceito e evidências de impacto

 

Igor Lima, Diretor-Presidente do Instituto Sonho Grande

Tássia de Souza Cruz, Professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Pesquisadora da Dados para um Debate Democrático na Educação (D3e)

João Marcelo Borges, Diretor de Estratégia Política do Movimento Todos Pela Educação

 

Painel 2 – Experiências de Sucesso do Ensino Médio em Tempo Integral: São Paulo, Ceará e Pernambuco

 

Rogers Vasconcelos Mendes, Secretário Executivo de Ensino Médio e da Educação Profissional do Ceará

Frederico da Costa Amâncio, Secretário de Educação do Estado de Pernambuco

Rossieli Soares, Secretário de Educação do Estado de São Paulo

Vitor da Silva Camilo, Estudante do Programa Jovem protagonista