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#Movimente: Educação de qualidade muda tudo, inclusive o mercado de trabalho

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Os graves problemas da Educação brasileira não terminam na sala de aula. É fora dela que suas lacunas se manifestam com toda  força, minando o desenvolvimento do País. Quando essa ficha caiu para a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC em 2012, a instituição soube que não havia tempo a perder: era hora de movimentar o mercado. O compromisso da organização em mudar essa realidade se concretizou na fundação do Movimento Indústria pela Educação naquele ano, que, mais tarde, com a inclusão de muitos colaboradores passaria a se chamar Santa Catarina pela Educação.

“A evasão escolar e o despreparo dos estudantes que concluem o Ensino Médio sem competências básicas para se inserirem no mercado de trabalho nos inspiraram na criação do movimento”, conta o diretor de Educação do SESI/SC, Claudemir José Bonatto.

E eles não são os únicos. O SC pela Educação é uma das experiências retratadas na série #Movimente, em que o Todos mostra alguns dos movimentos regionais pela Educação que vêm se espalhando pelo Brasil.

+LEIA MAIS: #MOVIMENTE: UM, DOIS, TRÊS E… AÇÃO

Mudar a Educação: todo mundo pode participar

Os desafios no ensino básico brasileiro são colossais, como as evidências já demonstraram. Vão desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Na impossibilidade de atender a essa demanda, o SC pela Educação resolveu atuar com quem conhece melhor, os trabalhadores. Feita essa escolha, o movimento definiu dois grandes objetivos: todo trabalhador com escolaridade básica completa até 2024 e todo trabalhador com Educação Profissional e Tecnológica compatível com a sua função.

Ao longo dos anos, o movimento apostou toda sua força em seu espaço de influência e contagiou outros atores do ramo industrial/empresarial com seus propósitos. Aderiram ao movimento as federações estaduais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (FECOMÉRCIO), da Agricultura (FAESC/Senar) e dos Transportes (FETRANCESC). De acordo com Bonatto, hoje são 2.389 signatários, desde sindicatos (patronais e laborais) até o poder público, passando também por organizações da sociedade civil e instituições de ensino.

Pactos que impactam, pois com a expansão da rede, os resultados se multiplicaram. De acordo com o Portal Setorial Fiesc, o índice de trabalhadores da indústria com escolaridade básica completa em 2014 era 54,4%; em 2017, o índice saltou para 60,9%.

Sociedade engajada pela escola

O trabalho SC pela Educação não se limitou apenas ao seu público alvo. Os esforços do movimento também estão engajados em iniciativas junto à sociedade catarinense de maneira mais ampla. Com base em uma proposta do SC pela Educação, em 2016, foi instituído por lei o Dia da Família na Escola no estado de Santa Catarina, que acontece no terceiro sábado de abril em escolas estaduais, municipais e do Sistema S e nas empresas signatárias. Bonatto conta que as atividade educativas, de lazer e culturais nas instituições de ensino já atingiram cerca de 1 milhão de pessoas.

Outra iniciativa do movimento é o “Eu Voluntário – Deixando o meu legado”. O programa cadastra e recruta voluntários para realizar ações em escolas públicas ou sem fins lucrativos, de acordo com demandas apresentadas pela Secretaria Estadual de Educação e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Ensino (Undime). Professores voluntários podem, por exemplo, dar aulas de reforços de matemática no contraturno. “Reunimos pessoas engajadas para contribuir com o sistema de gestão e o processo de ensino aprendizagem a fim de melhorar indicadores educacionais. O projeto começou em meados de 2015 e até agora alcançamos 136 mil pessoas da comunidade escolar com 1.396 ações”, afirma Bonatto.

Para Bonatto, as ações estão articuladas ao foco do movimento no mundo do trabalho. “O objetivo das ações entre setores econômicos e o poder público é que os jovens continuem na escola e a Educação seja de qualidade, desenvolvendo as competências necessárias para a vida e o mundo do trabalho”, afirma Bonatto.

Multiplicar

O movimento também quer encorajar outros a arregaçar as mangas e deixar um legado inspirador para as demais empresas da indústria catarinenses. O Prêmio Santa Catarina pela Educação, gerido por eles, reconhece empresas, mercado, sindicatos e órgãos do setor público por boas práticas de Educação para seus trabalhadores. As três categorias da premiação são: Elevação da Escolaridade Básica do Trabalhador, Educação Profissional do Trabalhador para o mercado e Programa de Educação Corporativa. A premiação já contou com a participação de 365 ações educacionais, mostrando que muita gente vem fazendo e quer fazer mais pela Educação. E você, já pensou em mobilizar sua comunidade de influência?

Radiografia do Movimento

Foco

Educação para o mundo do trabalho.

Como fazer funcionar

A governança do SC pela Educação estrutura-se em bases estaduais e regionais. O Conselho de Governança (estadual) conta com representante dos principais setores econômicos, da Educação pública de âmbito estadual e municipal (Secretaria Estadual de Educação e Undime, por exemplo), da iniciativa privada e terceiro setor). O Conselho realiza três reuniões extraordinárias para discutir rumos do Movimento e acompanhar metas.

As Câmaras Regionais estão presentes nas regiões das 16 vice-presidências da FIESC no estado. Possuem caráter deliberativo e consultivo em reuniões bimestrais. “As Câmaras visam aproximação da realidade educacional de cada município para uma atuação em conjunto com outros atores regionais, a fim de incentivar a inserção da Educação como prioridade na agenda do nosso Estado”, explica Bonatto. Além dos conselhos de governança, há também o comitê técnico estadual e o regional com reuniões mensais para acompanhar a execução das ações planejadas.

Quem faz parte

Principalmente indústrias do mercado, sindicatos, órgãos de setor público e sociedade civil.

Fonte de renda

  • FIESC

  • Fecomércio SC

  • FetranceSC

  • Sistema FAESC/Senar

Desafios

– Verificar o impacto dos resultados obtidos no processo de ensino e aprendizagem.  “Na educação, apesar das evidências, os avanços são comprovados a longo prazo”, afirma Bonatto.

Conquistas

– Expansão dos signatários

– Engajamento de outras instituições

– Melhoria dos indicadores de Educação dos trabalhadores

– Parceria com as escolas e redes de ensino

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